A pandemia do novo coronavírus impôs mudanças na ceia de Natal. Por segurança, muitas famílias decidiram reduzir o tamanho da comemoração. É o caso da bancária Giovana Marcone. “No ano passado, tinha cerca de 25 pessoas. Este ano, seremos meu pai, minha mãe, meu noivo e eu”, diz.
Apesar da perspectiva de reuniões com menos pessoas, no caso das frutas, a projeção é de manutenção nas vendas. “Quem consome, vai consumir na sua casa. É a nossa expectativa, levando em conta o histórico do ano”, afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Eduardo Brandão.
Este ano foi bastante positivo para o setor. A média de consumo anual de frutas no Brasil se manteve estável, em 58 quilos por pessoa. Já as exportações cresceram 6% em relação a 2019, com 903 mil toneladas, de acordo com a Abrafrutas.
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No caso da uva, o volume embarcado foi ainda maior. “Exportamos 9% a mais em comparação com o mesmo período do ano passado, de janeiro a novembro. É uma fruta que hoje é considerada Top 5 das frutas de exportação do Brasil. Tem um valor agregado muito grande”, afirma Brandão.
Segundo ele, entre as frutas, a uva requer o maior investimento por hectare para implantação. “Algo em torno de R$ 140 mil para você implantar um hectare de uva irrigada hoje, com toda a estrutura. Mas tem retorno, ela tem um valor agregado muito grande”, frisa.
Produção de uva
O produtor rural Vomar Caldeira, de Itatiba (SP), produz uva há três anos. No sítio de 3,5 hectares, o clima ajudou e ele deve colher 100 toneladas, o que representa alta de 50% em relação ao ano passado. Mas a notícia boa veio acompanhada de uma ruim: o custo de produção dobrou e o preço da fruta está praticamente o mesmo. “Isso compromete muito a margem de lucro. Eu fiz as contas por cima. Acho que ainda vou ter lucro, mas muito pouco pelo trabalho”, diz.
Vomar vende a variedade niágara por R$ 7 o quilo. No Mercado Municipal de São Paulo, ela é repassada ao consumidor por R$ 15 o quilo. Ou seja, lucra mais quem teve menos riscos no processo. “Seria ótimo se a gente conseguisse entregar nosso produto direto para o consumidor”, afirma.
Mercados internacionais para as frutas do Brasil
O Brasil produz cerca de 200 mil toneladas de uva de mesa e quase metade desse volume é exportado. Cerca de 93 mil toneladas tem como destino, principalmente, a União Europeia e os Estados Unidos.
A Abrafrutas acredita que em breve o país pode conquistar um novo grande mercado. “Estamos em fase final de negociação para abertura do mercado chinês para a uva brasileira. E a partir do dia que isso acontecer, a produção de uva no Brasil vai tomar um novo rumo, porque é um mercado que consome muito”, afirma Brandão. “Se Deus quiser, ainda em 2021, a gente consegue fechar isso”, comenta.