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Mercado e Cia

Ceia de Natal menor não deve diminuir consumo de frutas, diz associação

Do lado da oferta, custo alto pressiona produtores de uva, principal fruta consumida nesta época, mas 2021 pode vir com grande novidade

A pandemia do novo coronavírus impôs mudanças na ceia de Natal. Por segurança, muitas famílias decidiram reduzir o tamanho da comemoração. É o caso da bancária Giovana Marcone. “No ano passado, tinha cerca de 25 pessoas. Este ano, seremos meu pai, minha mãe, meu noivo e eu”, diz.

Apesar da perspectiva de reuniões com menos pessoas, no caso das frutas, a projeção é de manutenção nas vendas. “Quem consome, vai consumir na sua casa. É a nossa expectativa, levando em conta o histórico do ano”, afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Eduardo Brandão.

Este ano foi bastante positivo para o setor. A média de consumo anual de frutas no Brasil se manteve estável, em 58 quilos por pessoa. Já as exportações cresceram 6% em relação a 2019, com 903 mil toneladas, de acordo com a Abrafrutas.

No caso da uva, o volume embarcado foi ainda maior. “Exportamos 9% a mais em comparação com o mesmo período do ano passado, de janeiro a novembro. É uma fruta que hoje é considerada Top 5 das frutas de exportação do Brasil. Tem um valor agregado muito grande”, afirma Brandão.

Segundo ele, entre as frutas, a uva requer o maior investimento por hectare para implantação. “Algo em torno de R$ 140 mil para você implantar um hectare de uva irrigada hoje, com toda a estrutura. Mas tem retorno, ela tem um valor agregado muito grande”, frisa.

Produção de uva

O produtor rural Vomar Caldeira, de Itatiba (SP), produz uva há três anos. No sítio de 3,5 hectares, o clima ajudou e ele deve colher 100 toneladas, o que representa alta de 50% em relação ao ano passado. Mas a notícia boa veio acompanhada de uma ruim: o custo de produção dobrou e o preço da fruta está praticamente o mesmo. “Isso compromete muito a margem de lucro. Eu fiz as contas por cima. Acho que ainda vou ter lucro, mas muito pouco pelo trabalho”, diz.

Produtor de uvas Vomar segurando caixa com as frutas
Produtor de uvas Vomar. Foto: Marcos Paulo Mariano/Canal Rural

Vomar vende a variedade niágara por R$ 7 o quilo. No Mercado Municipal de São Paulo, ela é repassada ao consumidor por R$ 15 o quilo. Ou seja, lucra mais quem teve menos riscos no processo. “Seria ótimo se a gente conseguisse entregar nosso produto direto para o consumidor”, afirma.

Foto: Marcos Paulo Mariano/Canal Rural

Mercados internacionais para as frutas do Brasil

O Brasil produz cerca de 200 mil toneladas de uva de mesa e quase metade desse volume é exportado. Cerca de 93 mil toneladas tem como destino, principalmente, a União Europeia e os Estados Unidos.

A Abrafrutas acredita que em breve o país pode conquistar um novo grande mercado. “Estamos em fase final de negociação para abertura do mercado chinês para a uva brasileira. E a partir do dia que isso acontecer, a produção de uva no Brasil vai tomar um novo rumo, porque é um mercado que consome muito”, afirma Brandão. “Se Deus quiser, ainda em 2021, a gente consegue fechar isso”, comenta.

Foto: Marcos Paulo Mariano/Canal Rural
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