A chance de La Niña no último trimestre de 2020 (de outubro a dezembro) aumentou para 79%, segundo a última atualização da Agência Americana de Meteorologia (NOAA), divulgada nesta quinta-feira, 10.
Segundo especialistas, o fenômeno pode ter a intensidade de fraca a moderada e terá curta duração. “Até o fim do verão 2021, é bem provável que voltaremos a uma neutralidade do oceano Pacífico Equatorial”, afirma Celso Oliveira, meteorologista da Somar.
Segundo ele, com essa curta duração do fenômeno e o fato dele não ter forte intensidade, é importante ressaltar que a estiagem na região Sul não deve ser tão severa e abrangente quanto na última safra. “Os efeitos serão parcialmente compensados por outros fatores climáticos, mas o produtores gaúchos precisam ter cautela”, diz.
Na safra anterior, o Rio Grande do Sul perdeu soja e milho por conta das intempéries. Neste ano, apenas a soja pode ter problemas mais sérios. Outra diferença é que os efeitos do resfriamento não serão tão evidentes em Santa Catarina e Paraná, estados que foram afetados pela séria estiagem na temporada passada.
Os efeitos de um La Niña no plantio incluem o atraso na regularização da chuva no centro e leste de Mato Grosso, norte de Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, parte do Matopiba, norte de São Paulo e Minas Gerais.
Já para o Paraná, onde o vazio sanitário acaba nesta quinta, a situação é favorável, embora os produtores estejam esperando por mais algumas pancadas que estão previstas para o fim do mês e devem atrasar o plantio em 20 dias no estado.
Para a fase de desenvolvimento da soja a chuva será mais regular no Brasil central e bastante favorável ao Matopiba. Existe o risco de estiagem regionalizada para parte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Na reta final da safra, o cenário do La Niña traz risco de invernada na hora da colheita para o Centro-Oeste e Sudeste, e chuva acima da média também para o Nordeste, o que pode atrapalhar os trabalhos de campo. Em parte do Sul, a condição para falta de chuva persiste, mas sem grandes extremos.
A condição que vivemos nesta safra é bem semelhante ao que tivemos na safra 2005/2006. Naqueles anos foram verificados atrasos na chuva da parte central do Brasil com invernada na hora da colheita. O Rio Grande do Sul também passou por um processo de estiagem como em todo ano de La Niña. No Nordeste, tivemos excesso de chuva na hora da finalização da safra.