As importações chinesas de soja recuaram 18% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado. O recio deixou o mercado agrícola em alerta sobre uma possível desaceleração da economia do país asiático. De acordo com a consultoria AgRural, a queda nas compras já era esperada e teria ocorrido devido ao alto preço da oleaginosa na Bolsa de Chicago e ao maior volume dos estoques domésticos do país.
A analista de mercado da AgRural Daniele Siqueira afirma que a demanda chinesa não deverá ser afetada, e que, inclusive, as cotações do grão não refletiram esse dado negativo. “Isso não significa que o país vai demandar menos soja. Acreditamos que a China vai continuar comprando por muito tempo ainda”, afirma.
Ela ressalta ainda que, na contramão dos dados de julho, as importações da oleaginosa em todo o primeiro semestre avançaram 1,5 milhão de toneladas em relação ao mesmo período do ano passado, indicativo de que a demanda do país continua aquecida. “Mesmo com a economia chinesa perdendo força, mesmo com o PIB não crescendo como antes, as importações estão acontecendo”.
Um exemplo dessa demanda aquecida, segundo a analista, é a mudança no padrão alimentar da população. Na medida em que os chineses começaram a ter um poder aquisitivo maior, a inclusão da proteína animal em suas refeições foi aumentando gradativamente.
Daniele Siqueira não acredita que seria possível uma transição tão rápida no hábito alimentar.
“Não é de uma hora para outra que o chinês vai deixar de comer carne. Caso a economia continue perdendo força, a gente pode até ver essa redução, mas não vai ser muito expressiva e nem para agora”, afirma.