Tempo

Pouca água e muito granizo: entenda a chuva de gelo no fim de semana

De acordo com a meteorologia, a influência do La Niña na atmosfera aumenta o risco de granizo; entenda como o fenômeno se forma nas nuvens

Um temporal atingiu Coxilha (RS) neste domingo, 27. De acordo com a estação meteorológica de Passo Fundo, que é a mais próxima do município, choveu cerca de 7,8 milímetros na região. Porém, foi o granizo que veio junto com a chuva que causou estragos.

Circulam em grupos de mensagens e redes sociais fotos de lavouras de soja atingidas pelas pedras de gelo. De acordo com o secretário de Agricultura de Coxilha, Vagner Negri, pelo menos três propriedades foram atingidas.

O agricultor Orlei Fauth conta que estava em Passo Fundo no momento da chuva de granizo, mas recebeu fotos da propriedade. Procurados pelo produtor, técnicos da cooperativa Cotrijal recomendaram não fazer o replantio, pois, segundo eles, ainda há tempo para as plantas se recuperarem. “Ainda é cedo para fazer uma previsão de perda”, disse Fauth.

lavoura de soja atingida por granizo
Foto: Orlei Fauth/arquivo pessoal

Previsão do tempo para os próximos dias

Depois de muitos temporais neste fim de semana, a chuva enfraquece em  Mato Grosso, com acumulados de apenas 20 milímetros, permitindo a retomada dos trabalhos em campo. O calor retorna ao estado, o que é um ponto positivo, afinal temos soja em fase de enchimento de grãos e é importante termos mais radiação solar. Com a diminuição da chuva, agora é possível também fazer o plantio do algodão.

Teremos uma semana com pouca umidade no Rio Grande do Sul e no Matopiba, onde a chuva não foi suficiente para aumentar a umidade do solo. As chuvas mais fortes vão seguir concentradas sobre Paraná e São Paulo. Começaremos 2021 com pancadas mais espalhadas de chuva e mais frequentes, o que deve atrapalhar o início da colheita em algumas localidades.

Chuva de granizo no Rio Grande do Sul

Um temporal nesta domingo, 27, no Rio Grande do Sul, trouxe bastante granizo em Taquara, na faixa nordeste do estado. No entanto, o volume de chuva foi baixo com apenas 14,2 milímetros. Essa queda de granizo se deve a áreas de instabilidade que se formaram a partir da circulação dos ventos em altitude.

Como o granizo se forma?

As gotas de água que vêm da superfície da terra e de rios que se elevam quando o ar está mais quente e se chocam umas com as outras, aumentando assim seu tamanho e formando assim a nuvem. Ou seja, essas nuvens se formam em locais com temperaturas elevadas e com alta umidade. Ao chegar aos 5 km de altitude, onde as temperaturas estão muito abaixo de 0 °C, as gotas viram gelo. Geralmente as nuvens que provocam queda de granizo são chamadas de Cumulonimbus (CB) e chegam aos 18 km de altitude. Mas esse granizo só consegue cair se tiver um tamanho grande e for pesado, vencendo a força da corrente de ar quente que mantém o gelo dentro da nuvem.

Salienta-se que as pedras de gelo que se formam com tamanhos bem maiores que o comum são provocadas pelas correntes de ar (que sobem para a nuvem) bem mais fortes que o normal, e consequentemente rápidas.

Por outro lado, quando as nuvens de tempestades que provocam temporais e com queda granizo se deslocam muito lentamente, os granizos se acumulam em muita quantidade parecendo neve.

Vale lembrar que dentro da nuvem há turbulência dos ventos, onde as gotas super-resfriadas, gelos e cristais de gelo se transformam. Pois na faixa das nuvens com temperaturas abaixo dos -40 °C há só granizo, entre -40 °C e 0 °C há água líquida super-resfriada e gelo, uma mistura delas, até neve.

O La Niña aumenta a frequência de granizo pelo país. O fenômeno atual é forte e temos um resfriamento da água da faixa central ao leste equatorial do Oceano Pacífico, que também esfria a atmosfera em todo o globo. Uma atmosfera mais fria significa que as nuvens de tempestade acabam gerando mais gelo do que o normal. E quando este gelo se desprende das nuvens, a atmosfera mais fria que o normal faz com que este gelo não derreta na queda.