O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deve se reunir na sexta-feira (17) para decidir sobre aumento ou manutenção da mistura do biodiesel no óleo diesel. O percentual diverge entre o setor produtivo e segmentos ligados ao petróleo e ao transporte. O prazo da mistura, que está em 10%, termina no fim de março.
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De acordo com um material divulgado pela Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), o Brasil produziu 6,3 bilhões de litros de biodiesel em 2022. Dessa forma, o país fechou o no passado em terceiro lugar entre os maiores produtores mundiais. A Indonésia está na primeira posição, com 7,5 bilhões de litros. Na sequência aparecem os Estados Unidos, com 6,5 bilhões de litros, segundo dados de 2021.
O documento da FPBio também aponta alguns benefícios do biodiesel, que pode auxiliar o Brasil a se desenvolver nos âmbitos ambientais, de inclusão social e geração de emprego e renda, além de conciliar segurança alimentar e energética. O biodiesel, reforça o colegiado, estimula ainda o processamento da soja em grão, o que agrega valor ao setor produtivo nacional.
Segmentos ligados ao petróleo, transporte, veículos e maquinários, contudo, são contra o aumento da mistura do biodiesel no diesel. Eles alegam que o produto utilizado no momento é de má qualidade.
Em fevereiro, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou um documento no qual afirma que o aumento do percentual de biodiesel nos combustíveis vai elevar a poluição atmosférica. Assim, a entidade afirma que tem um temor: a geração custos adicionais ao valor do frete.
Entidades do setor produtivo rebatem a CNT
De imediato, entidades como a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) repudiaram o comunicado disparado pela CNT no mês passado. Recentemente, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) reforçou a posição a favor da elevação da mistura.
Sobre esse assunto, o diretor-superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, concedeu entrevista ao Canal Rural. Mais uma vez, ele reforçou os benefícios de o governo federal seguir adiante com o plano de chegar, nesse sentido, a 15% de biodiesel na composição do diesel utilizado no país. Segundo o cronograma inicial, esse patamar deveria ser implementado até o fim de 2023. Agora, ele acredita que isso possa ser possível até março de 2024.
“A partir do esmagamento da soja, por exemplo, nós colocamos 20 milhões de toneladas de farelo de soja no mercado” — Donizete Tokarski
“A principal importância do biodiesel é ele estar agregando valor à toda economia nacional. A partir do esmagamento da soja, por exemplo, nós colocamos 20 milhões de toneladas de farelo de soja no mercado, sendo que metade disso é utilizado na produção de ração e que vai virar alimento, proteína, para a população”, disse Tokarski ao conversar com a jornalista e apresentadora Pryscilla Paiva durante a edição desta quarta-feira (15) do ‘Mercado & Companhia’.
Casos de uso de biodiesel de outros países
Para a reunião desta semana do CNPE, o executivo da Ubrabio acredita que o aumento gradual da mistura do biodiesel no diesel será retomado. Sobre quem se posiciona contra a essa medida, Tokarski foi enfático: “está na contramão do mundo”. Nesse sentido, pontuou que outros mercados contam com percentuais maiores. Conforme citou, em alguns estados norte-americanos, por exemplo, o nível dessa mistura está em 20%. Indonésia e Malásia contam com percentual já acima dos 30%.
“Estamos prontos para poder aumentar a nossa produção, que será importante para todo o complexo soja e utilização de subprodutos da agropecuária, como sebo e etc.”, disse Donizete Tokarski. “O biodiesel é a cara do Brasil. Aumentar a produção de biodiesel é gerar atividade econômica maior no país, reduzir a importação de combustível fóssil, melhorar a qualidade do ar, gerar emprego no interior”, reforçou o diretor-superintendente da Ubrabio.
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Editado por: Anderson Scardoelli.
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