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Mercado e Cia

Coronavírus: setores de biocombustíveis e têxtil serão impactados

De acordo com a FGV Agro, a demanda por alimentos e bebidas segue aquecida, mas outros segmentos do agro vão ter consequências

Não é de hoje que os analistas dizem que o agronegócio tem segurado a economia do país nos momentos de crise. Agora, com as incertezas causadas pela pandemia do novo coronavírus, não está sendo diferente. Mais uma vez o setor se mostra importante para ajudar o país a se recuperar.

Porém, o agronegócio é uma área de muitos segmentos, com uma cadeia produtiva muito grande e, por isso, o cenário observado pelos especialistas é de que alguns setores podem ser mais afetados do que outros durante a crise.

A produção de alimentos se mostra aquecida, já que é um bem necessário e a demanda está preservada. Em algumas regiões até aumentou, pois há uma tendência em estocar alimentos nos domicílios. Mas não são todos os segmentos que estão com boas expectativas. “Merece destaque, por exemplo, os biocombustíveis por causa do aquecimento da demanda do petróleo pela queda do preço. Papel e celulose também, pela desaceleração da economia. E ainda, a indústria têxtil. Então, alguns setores podem não ser tão confortável como a produção de alimentos e bebidas”, destacou Felippe Serigati, pesquisador da FGV Agro.

Para a entidade, ainda não é possível fazer nenhuma previsão para o setor. A situação está mudando a todo momento. “É um verdadeiro chute no escuro. A projeção está complicadíssima. É como se fosse algo móvel, ou seja, a cada semana que passa, praticamente a cada dia que passa, a situação tem mudado numa velocidade maior e aquilo que a gente tinha projetado com dados disponíveis, já ficou obsoleto”, completou.

Sobre a  influência do agronegócio para o Produto Interno Bruto (PIB), não é possível colocar tudo na mesma balança. A agropecuária não deve sofrer mudanças com o isolamento social, necessário neste momento para conter a contaminação do vírus. O campo trabalha com dinâmicas diferentes, pois está isolado das regiões metropolitanas.

Já a agroindústria, essa sim deve ter impactos mais severos na produção. Então, não dá pra colocar os dois setores na mesma medida. “A gente não sabe o quanto que a agroindústria vai ser prejudicada, mas o caminho dela é mais complicado do que o caminho das atividades agropecuárias. O que conta é o que vai acontecer ao longo desse processo, seja dentro da agroindústria, que vai faturar esses produtos, ou na distribuição”, comentou Felippe.

O agronegócio deve sim continuar crescendo, mas sozinho não vai conseguir puxar toda a economia brasileira. “O agro tem uma influência decisiva e isso é muito importante para gente ressaltar agora, porque diferentemente de outros setores, que estão localizados em algumas regiões e algumas cidades, o agro está espalhado pelo país. Embora não vá conseguir socorrer sozinho, é uma medida de alívio para as principais regiões metropolitanas, onde se concentra a maior fração da população brasileira. O agro vai servir como uma válvula de escape, não para o Brasil como um todo, mas uma fração relevante do território”, finaliza.

 

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