O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou medidas de auxílio para o setor de leite. As resoluções prorrogam débitos com instituições financeiras e disponibilizam crédito para retenção de matrizes e para que a indústria faça estoques.
Porém, as medidas não são suficientes, segundo o comentarista Benedito Rosa, que é ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e produtor de leite. Ele afirma que se tratam de ações paliativas e que o governo não entendeu o tamanho do problema.
“O governo não está entendendo que não é uma situação passageira. É uma crise grave. A conta não fecha por conta dos custos de produção, não dá para produzir leite”, afirma.
O sentimento de Benedito Rosa é o mesmo do produtor goiano Thiago Rodrigues. Segundo ele, está difícil garantir alimentos para os animais, já que a ração e os adubos usados nas pastagens estão bem mais caros.
“O pecuarista está cortando o milho e pensando se vale ensilar ou se seca e vende o grão. Estamos falando em saca de milho a R$ 80 e farelo de soja a R$ 150. Está impossível equilibrar os custos”, diz Thiago Rodrigues.
Para piorar, o produtor de leite não tem segurança quanto ao valor do produto no futuro, de forma que não sabe se o investimento vai se pagar.
“Tem também as incertezas com a produção de milho, com a cigarrinha, problemas climáticos, plantio tardio e exportação em nível muito alto. De concreto, o que temos são custos nas nuvens até 2022. E ao invés do preço do leite acompanhar, está caindo”, afirma Benedito Rosa.
O comentarista afirma que a única saída é fazer uma seleção rigorosa das matrizes e vender as menos produtivas para abate. Porém, ele alerta que muitos serão obrigados a deixar a atividade.