Durante passeio de moto em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro respondeu ao pedido de um homem para baixar o preço do arroz. Desde que o preço do produto começou a subir, Bolsonaro negou a possibilidade de tabelamento, dizendo que já foi feito no passado e não deu certo.
Ao ouvir o questionamento do cidadão, Jair Bolsonaro irritou-se. “Quer que eu baixe na canetada? Você quer que eu tabele? Se você quer que eu tabele, eu tabelo. Mas vai comprar lá na Venezuela”. Em seguida, sem receber outro comentário do homem, que deixou o local, Bolsonaro disse: “Fala e vai embora”. Pouco depois, o presidente também saiu e retornou ao Palácio da Alvorada.
Desde que o preço do produto, um dos principais componentes da alimentação diária dos brasileiros, começou a subir, principalmente por conta do aumento da demanda interna e externa, Bolsonaro tem negado a possibilidade de tabelamento.
Segundo o comentarista Miguel Daoud, o presidente age corretamente ao não tabelar o preço dos alimentos. No entanto, alerta que o governo precisa agir para tentar amenizar a situação do abastecimento interno.
“Em um passado recente, os produtores de arroz do Rio Grande do Sul avisaram que iriam deixar de produzir arroz, porque estavam quebrados e o retorno financeiro não era suficiente para cobrir a produção. Durante 10 anos os produtores de arroz se descapitalizaram e o resultado é esse que estamos vendo: o preço de arroz está a US$ 1 e, na Venezuela, está a US$ 1,20. Se o dólar subir mais um pouquinho, teremos o mesmo preço do arroz que na Venezuela”, comentou.
Segundo Daoud, os pequenos produtores não precisam de favor e, sim, que sejam incluídos no contexto da política agrícola. “Queria saber qual é a estratégia do Brasil para a alta não só do arroz, mas sim do milho e da soja. Nós vivemos um momento em que a nossa moeda acabou perdendo valor em frente às outras divisas. Nossos produtos estão mais baratos e como somos pujantes na produção agropecuária, e é evidente que o mundo virá comprar do Brasil e não temos como evitar isso. Então, da mesma forma que concordo que não se deva dar canetada, também não temos que tributar a exportação de alimentos que hoje galgamos o posto na economia mundial graças à competência do produtor rural”, completou.
De acordo com o comentarista, o governo precisa ser alertado sobre o que vem pela frente. “ Não se resolve com otimismo ou dizendo que está sob controle. Se resolve fazendo planejamento, fazendo mapeamento da situação e fazer investimento geograficamente na produção agrícola, visando o mercado interno. O câmbio não vai parar por aí. Não vamos enfiar a ‘cabeça no buraco’ e achar que tudo se resolve com uma varinha mágica. A gestação do dragão da inflação é como uma gravidez, não tem retorno, e esse dragão está avançando e isso me preocupa tudo”, concluiu.