O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 1% em março. Para o comentarista Miguel Daoud, mesmo com a perspectiva de que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça 3,5%, isso pode gerar graves problemas econômicos.
Daoud explica que, neste momento, a inflação está sendo puxada pelo lado da oferta. “Cadeias de suprimentos estão sendo interrompidas, ora por questões econômicas, ora por outros fatores”, diz, atribuindo boa parte da inflação do lado da oferta. Do lado da demanda, segundo ele, “claramente esses aumentos decorrem do consumo externo. O Brasil está exportando muitas commodities”.
O caos econômico que se avizinha pode levar o governo federal a adotar medidas para conter a inflação e garantir que a população tenha acesso a bens essenciais, segundo ele. Assim, o comentarista teme que surja na equipe econômica a ideia de taxar as exportações de commodities agrícolas, como os grãos e as carnes. “Seria um tiro no pé, e temos que ficar muito atentos”, recomenda.
Daoud lembra também que combustíveis e o gás de cozinha devem passar por grandes reajustes em maio, complicando ainda mais o cenário. “E não tem muito o que fazer. Teríamos que ter um programa [de ajuda], e agora não dá. Não temos caixa ou impostos para pagar a dívida pública que vence em 12 meses”, diz.
Para o comentarista, o agronegócio é uma saída para alavancar a economia brasileira, mas isso só será possível se o governo não prejudicá-lo. “Não podemos matá-lo antes que essa saída aconteça”, pede.