O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira, dia 27, que o futuro governo tem a intenção de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. O deputado disse que acredita que já está decidido que a mudança ocorrerá e que “a questão não é perguntar se vai ocorrer, a questão é perguntar quando será”, afirmou.
“A gente ainda não sabe ao certo dentro do governo a data, como é que ocorre. A gente tem a intenção e a ideia”, disse. A afirmação foi feita em Washington, depois de o deputado ter se reunido na Casa Branca com o conselheiro sênior e genro de Donald Trump, Jared Kushner. Kushner é um dos principais articuladores da política para o Oriente Médio do governo Trump.
Sobre possíveis consequências para o comércio internacional e represálias de outros países por causa da mudança, o deputado afirmou que acredita que será possível encontrar uma maneira de solucionar a questão. “Eu acredito que a política no Oriente Médio já mudou bastante também. A maioria ali é sunita. E eles veem com grande perigo o Irã. Quem sabe nós apoiando políticas para frear o Irã, que quer dominar aquela região, a gente não consiga um apoio desses países árabes”.
Para o diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, a mudança da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém pode comprometer o comércio com o mundo árabe.
“Do ponto de vista político, é uma medida corajosa, mas do ponto de vista comercial, serão necessárias muitas compensações. Do que nós exportamos de milho, boi vivo, carne bovina e carne de frango, o mundo árabe é um consumidor forte. Enquanto que Israel, tem pequenos traços de consumo em relação a esses quatros produtos,” afirma Alcides.
Ainda de acordo com o analista, perder o mercado do mundo árabe causaria grandes impactos, já que o volume exportado para os países representam grandes volumes. “De carne de frango no acumulado dos meses de janeiro a outubro, as exportações totalizam 34%. Já de carne bovina 32% , de bovinos vivos, 29% e para o milho, metade do que se exportou foi destinado ao país árabe.
“Quando nos referimos a Israel, o cenário é diferente. A exportação de carne de frango para Israel não chega a 1%, para carne bovina representa apenas 1,5%, boi vivo e milho é 0%”, diz.
No início de novembro, uma visita do chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, ao Egito foi cancelada pelo governo do país. O cancelamento ocorreu após o anúncio de Jair Bolsonaro de que tinha a intenção de mudar a embaixada. Sobre o cancelamento, o deputado afirmou que não vê “crise nenhuma”, pois, segundo ele, a visita foi apenas adiada para o próximo ano.
“ Nós não estamos sozinhos nesta corrida para conquistar esses mercados. Como concorrente, nós temos o gigante norte-americano, que exporta tanto para Israel quanto para o mundo árabe, mas os árabes podem muito bem procurar outras fontes de alimentos, claro que eles compram no Brasil, porque além da nossa qualidade o preço também é bom. Eu espero que essa conversa por enquanto seja somente treino do futuro governo, e que essa decisão seja adiada o máximo possível”, finaliza Alcides.