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Avicultura vive bom momento, mas custo de produção preocupa setor

Mesmo com alta de 6,5% nas exportações e estimativa de produção recorde para o ano, atividade tem que lidar com alta nos principais insumos para produção

Apesar dos bons volumes de carne de frango exportados pelo Brasil, o setor avícola ainda enfrenta desafios. A alta no custo de produção impede que os avicultores comemorem completamente o Dia da Avicultura, celebrado neste sábado, 28.

Segundo a Embrapa Suínos e Aves, o custo de produção do frango no país aumentou mais de 50% nos últimos 12 meses.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, o momento é complicado não só para a avicultura, mas também para a suinocultura e pecuária de leite, atividades que usam os grãos, especialmente o milho, na alimentação.

“Quando a gente olha os índices de preço do consumidor, as proteínas não subiram, na média, nem metade do que subiu o custo de produção. Esse custo, junto com farelo de soja, representa mais de 70% do custo de produção”, afirma Santin. O presidente da ABPA também ressalta que esse momento decorreu de problemas climáticos e diminuição de oferta no mercado interno.

Para a avicultora Nelir Soares, a alta no preço dos grãos e a sua falta no mercado prejudicou a profissão. “As empresas não conseguem fornecer uma ração de tão boa qualidade e isso interfere no resultado final dos lotes”, diz.

No Paraná, estado que lidera o ranking nacional de produção e exportação de frango, o cenário é parecido. O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do estado (Sindiavipar) afirma que, considerando o aumento dos principais insumos para a produção, o custo aumentou mais de 100% em um ano.

Mas, segundo o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues, o avicultor não tem tantos problemas. “Ele está protegido por um sistema integrado que fornece todos os insumos para o avicultor fazer a produção”, afirma.

Futuro da avicultura

Mesmo com a projeção de produção recorde de carne de frango neste ano, segundo a Safras & Mercado, em 2022, a expectativa é de um recuo de mais de 2%.

O analista Fernando Iglesias diz que a tendência é que a produção seja mais discreta, principalmente no primeiro semestre. “Entre os fatores estão a mudança de patamar de preços da carne bovina, que tende a ficar mais atraente […] Outro aspecto é a tendência de custos muito altos ainda”, ressalta.

Para que o produtor não sinta tanto os impactos desse cenário, o presidente da ABPA afirma que o avicultor precisa se estender cada vez mais na cadeia, fazendo maior elos de ligação com produtor de milho e soja, para ter mais estabilidade. Santin afirma que o recurso é o produtor se adiantar na compra e importar o milho que não está sendo exportado para fazer um equilíbrio de oferta e demanda.

E a avicultora Nelir Soares também deixou seu apelo para mais valorização na cadeia: “A gente espera para o futuro que essa profissão tenha mais apoio, porque não é uma profissão fácil”.

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Dia da Avicultura é celebrado neste sábado, 28. Foto: Jonas Oliveira/AEN