A fila de navios na costa brasileira esperando para embarcar milho totaliza 82 embarcações ao final de agosto, o dobro em relação ao registrado no mesmo período do ano passado, em função da postura compradora dos mercados internacionais e da desvalorização do real em relação ao dólar. O levantamento é da consultoria Brandalizze Consulting.
Segundo o analista Vlamir Brandalizze, o El Niño levou a um aumento das compras de milho, por conta dos efeitos que teve na Europa e na Ásia. Além disso, a commodity está barata em dólar no mercado mundial, gerando benefício ao produtor brasileiro, que aproveita que a moeda norte-americana se valorizou 31,42% em relação ao real até o momento.
– O dólar próximo de R$ 3,50 está viabilizando, para os produtores brasileiros, lucratividade. Então nós seguimos vendendo, os volumes são grandes e, com isso, nós praticamente dobramos o volume de navios nos portos neste ano e nós vamos seguir embarcando pesado, em grande volume até o final do ano, e vamos entrar em 2016 exportando muito milho – disse ele em entrevista ao “Mercado e Companhia”.
A expectativa de Brandalizze é que nos próximos meses não se registrem tantos navios esperando para carregar grãos, porque o volume de soja embarcada tende a diminuir, dado que a maior parte já foi exportada, abrindo mais espaço para o milho nos portos.
– É uma “casadinha” perfeita brasileira, ou seja, embarca soja no primeiro semestre e milho no segundo – disse.
Para ele, os embarques de milho devem ficar entre 8 milhões a 10 milhões de toneladas de grãos ao mês, favorecendo o escoamento da segunda safra.