Mercado e Cia

Daoud: ‘Dólar caminha para R$ 4,30 e deve elevar custo de produção’

O mercado financeiro continua sendo afetado pela tensão gerada pelo coronavírus. Comentarista recomenda que produtor trave preços

O embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet de Mesquita, afirma que, levando em consideração a dimensão e a densidade populacional do país asiático, os números de mortes por coronavírus ainda são “modestos”. “Porém, o ritmo de propagação e o fato de não haver tratamento ou vacina para a doença gera preocupação”, diz. Com o clima de incerteza, o dólar chegou a bater R$ 4,26 nesta quarta-feira, 30.

De acordo com o comentarista Miguel Daoud, o mercado financeiro continua acompanhando de perto das notícias no mundo. “Não existe um exame que possa detectar rapidamente quem está infectado, não existe vacina e nem remédio; essa situação deve tomar proporções significativas”, avalia.

Diante disso, segundo Daoud, investidores já começaram a rever expectativas e projeções de demanda. “Quando o mercado financeiro tem uma expectativa de demanda, seja da China ou de outro país, ele se antecipa e os preços avançam com expectativa de cenário positivo. Dado o tempo que [o controle da doença] pode levar, ele pode voltar e desconsiderar”, diz.

O comentarista destaca que o pequeno produtor será impactado primeiro pelo câmbio. “O dólar está caminhando para R$ 4,30 e o produtor terá que se adequar aos custos”, diz.

Para os médios produtores, a recomendação de Daoud é procurar uma corretora e investir em seguro para garantir pelo menos o custo de produção. “Gaste um pouco mais e faça uma garantia, porque não sabemos onde esse cenário vai parar”, finaliza.

Brasileiros na China

Em entrevista ao Canal Rural, Mesquita contou que há brasileiros em Wuhan, na China, primeiro foco da doença. “Eles se encontram em boas condições, com alojamento e infecção. Não há nenhum brasileiro entre os casos de infecção, mas é natural que estejam vivendo uma situação de angústia e tensão devido à incerteza geral”, comenta.

O embaixador afirma que continuará em contato com o governo chinês e Itamaraty, para acompanhar a evolução da doença e garantir que “nossos compatriotas tenham todo o apoio necessário”.