A economia brasileira caminha sobre uma corda bamba. Ao mesmo tempo que o governo federal tenta dar suporte às famílias mais pobres com o auxílio emergencial, as contas públicas dificultam grandes movimentos. O risco fiscal no Brasil tem exercido forte influência sobre o dólar, de acordo com o economista Silvio Campos, da Tendências Consultoria.
Um dos maiores medos do mercado financeiro neste momento é que com o ex-presidente Lula retomando os direitos políticos e a elegibilidade para disputar a Presidência em 2022, o governo de Jair Bolsonaro adote uma postura mais populista, levando a União a problemas. Para Campos, esse é o pior cenário e não deve se concretizar. Porém, se acontecer, o dólar poderia facilmente superar R$ 6.
Se o governo for racional na economia e conseguir controlar a pandemia da Covid-19, o câmbio pode ceder um pouco, mas não tanto quanto economistas previam meses atrás. “Ficaria mais perto de R$ 5,50 do que de R$ 5”, diz.
O que tem influenciado o dólar? Para onde ele vai?
Campos afirma que o Brasil enfrenta uma situação bastante delicada, com todo o quadro interno e a recuperação do dólar no ambiente internacional, após os juros voltarem a subir nos Estados Unidos.
“O fator Lula complica um pouco mais , pois reforça o quadro de polarização para o ano que vem e a tendência é de continuidade desta tensão até as eleições em 2022”, comenta.
O dólar nos patamares atuais vem puxando a inflação ao aumentar os custos de determinados produtos e insumos, chegando até mesmo aos consumidores. Diante disso, o economista acredita que o Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve elevar as taxas de juros para tentar conter a inflação. “Seria uma forma de acomodar todas essas pressões”, diz.
Segundo o economista, é preciso lembrar que quando o dólar se desvalorizou no ano passado, o real não conseguiu reagir muito por causa da situação interna. Agora, a moeda norte-americana está subindo no mundo todo. “Essa alta externa pega a gente num momento de fragilidade, o que contribui para essa tendência de alta, que, nas melhores das hipóteses, vai se transformar em acomodação”, pontua.