Mas investidores ainda adotaram uma postura de cautela, tentando avaliar se a divisa encontrará forças para retomar o avanço nas próximas sessões. A moeda norte-americana caiu 1,85%, a R$ 2,8209 na venda, após alcançar R$ 2,8164 na mínima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de US$ 1 bilhão.
– Ninguém consegue cravar se isso é um respiro antes de mais altas ou uma acomodação. O dólar tem esta característica: quando ele rasga, vai de uma vez – disse o analista da WinTrade Bruno Gonçalves.
Neste ano até a véspera, o dólar acumulou alta de mais de 8% ante o real, atingindo as maiores cotações desde o fim de 2004. O câmbio foi pressionado não só por fatores internacionais, como os temores sobre a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, mas também pelo medo de um rebaixamento da classificação de risco do Brasil devido à deterioração dos fundamentos macroeconômicos do país.
No cenário internacional, investidores voltavam suas atenções nesta sessão para a Suécia, cujo banco central anunciou corte de juros para o território negativo e novo programa de compra de títulos. Também contribuía para o ambiente de menor aversão ao risco o acordo de cessar-fogo firmado nesta manhã para dar fim aos combates no leste da Ucrânia.
– Era de se esperar que depois de tanta notícia ruim, tivéssemos pelo menos um dia de alívio – disse o operador de câmbio da corretora Intercam, Glauber Romano.
No fim da manhã, o alívio no câmbio ganhou mais um amparo após números indicarem fraqueza nos gastos do consumidor e aumento dos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos. Investidores têm se mantido atentos aos indicadores econômicos norte-americanos em busca de pistas sobre quando os juros começarão a subir na maior economia do mundo.
Além disso, as preocupações com o futuro da Grécia na zona do euro perderam um pouco de força após notícias de que o Banco Central Europeu (BCE) elevou ainda mais o limite para financiamento de emergência a bancos gregos. Mas as discussões entre ministros das Finanças do bloco monetário não resultaram em um acordo e devem ser retomadas na segunda, dia 17.
– Globalmente, o dia está mais tranquilo, mas quem sabe o quanto isso vai durar? – disse o operador de uma corretora internacional.
Agentes financeiros continuaram atentos, ainda, à política de intervenções no câmbio do Banco Central brasileiro, que voltou aos holofotes com a pressão recente sobre o dólar. A dúvida é se os impactos da volatilidade cambial sobre a inflação e outros fundamentos econômicos poderiam levar o BC a estender o programa de intervenções diárias para além de março.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até dois mil swaps cambiais pelas rações diárias, com volume correspondente a US$ 97,7 milhões. Foram vendidos 900 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.100 contratos para 1º de fevereiro de 2016.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em dois de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 54% do lote total.
Bovespa
A Bovespa subiu forte nesta quinta, com destaque para o setor de educação na expectativa de anúncio de medidas para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), enquanto investidores também aprovaram declarações do novo presidente da Petrobras sobre corte de investimentos.
O Ibovespa avançou 2,68%, a 49.532 pontos. O volume financeiro do pregão somou R$ 6,5 bilhões.
– O mercado acompanhou o mercado externo e algum alívio com a sinalização da Petrobras com redução de investimentos e de soltar o balanço auditado bem antes do prazo máximo – observou o gestor Joaquim Kokudai, sócio na JPP Capital Gestão de Recursos.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse que a empresa vai vender ativos e cortar investimentos e descartou nova capitalização. As ações da estatal subiram mais de 5%.
O mercado passou o dia na expectativa do anúncio da data para a volta das recompras mensais de créditos do Fundo de Financiamento Estudantil para 2016 ou 2017, além da reabertura do sistema para novos alunos, observou a equipe da corretora Brasil Plural.