Por volta das 11h59min, a moeda norte-americana caia 1,34%, cotada a R$ 2,6188 para compra e R$ 2,6203 para venda.
– Estamos vendo nessas duas últimas esse comportamento [fala do governo afetando o câmbio]. Com o ajuste fiscal se tornando cada vez mais crível, o risco Brasil diminui e o câmbio acaba se valorizando – afirma o economista da Guide Investimentos, Ignácio Crespo.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou ontem em Brasília o retorno das Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) e alteração da cobrança do Programa de Integração Social (PIS) sobre os combustíveis.
A medida faz parte de um pacote de ajustes fiscais que inclui o estabelecimento da alíquota sobre operações de crédito, que passou de 1,5% para 3%, a equiparação do efeito de incidência do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) no setor de cosmético entre atacadistas e setor industrial, e o reajuste do PIS/Cofins sobre a importação, que foi de 9,25% para 11,75%. Deste último excluiu-se da base de cálculo do imposto o ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação) que incide sobre importação.
Segundo Levy, as medidas de ajustes estão sendo tomadas aos poucos para gerar “o menor sacrifício possível”. A estimativa é arrecadar R$ 20 bilhões ainda este ano, afirmou.
Começa hoje, em Brasília, a reunião de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir as diretrizes para a política monetária nesse começo de ano. Como há consenso entre os economistas que a taxa básica de juros (Selic) será elevada em 0,50 ponto percentual (pp), para 12,25% ao ano, o encontro está tendo pouco efeito no andamento do câmbio. O anúncio está marcado para amanhã.
No cenário internacional, a Agência Nacional de Estatísticas da China informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 7,4% em 2014, abaixo da meta de 7,5% do governo e no ritmo mais lento em 24 anos. Apesar da desaceleração, o crescimento veio acima do esperado pelo mercado, diminuindo as preocupações de desaceleração súbita da economia.
Os dados chineses, combinados com as expectativas do mercado de que o Banco Central Europeu (BCE) aprovará na quinta, dia 22, medidas de estímulo monetário para combater a deflação e a fraca atividade na zona do euro, ofuscaram o relatório do FMI que revisa para baixo as perspectivas de crescimento do mundo em 2015 e 2016.
O Fundo piorou seu cenário para a economia global, prevendo expansão de 3,5% e 3,7% em 2015 e 2016, respectivamente. Em ambos os casos, as contas foram reduzidas em 0,3 pp.
– As revisões para o crescimento mundial foram ofuscados por dados da China e expectativa em relação ao BCE. Tinha tudo para aumentar aversão a risco, algo que vimos na semana passado com o Banco Mundial, mas esses dois eventos ofuscaram esses dados. O cenário externo não está respondendo ao FMI – diz Crespo.
Petróleo
Os dados mistos vindos da economia internacional, no caso, o crescimento melhor que o esperado da China em 2014 e a revisão negativa das projeções do FMI para 2015 e 2016 estão levando as cotações dos contratos futuros do petróleo a operarem em campos opostos.
Em Londres, o Brent para março recuava 0,16%, a US$ 48,76 o barril. O WTI para fevereiro, negociado em Nova York, avançava 1,90%, a US$ 47,20 o barril, depois de não operar ontem por conta de feriado.