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Dólar sobe 1,8% e atinge maior nível em quase 10 anos

Analistas afirmam que cotação do dólar está abaixo do correto e estimam que o "valor justo" do dólar em relação ao real deveria ser mais alto do que o atualO dólar fechou em alta de 1,78% ante o real nesta quarta, dia 4, atingindo o maior nível em quase 10 anos, com a persistente queda dos preços do petróleo e a expectativa de que os juros dos Estados Unidos subam em meados deste ano.

No Brasil, o movimento foi acentuado por uma série de operações de compras automáticas de divisas, conhecidas como “stop-loss”. Na avaliação de operadores, houve algum exagero que pode ser corrigido nas próximas sessões, mas não se contempla um cenário em que a moeda norte-americana volte para perto de R$ 2,60.

O dólar subiu 1,78% a R$ 2,7420 na venda, maior nível de fechamento desde 23 de março de 2005 (R$ 2,749). Na máxima do dia, a divisa alcançou R$ 2,7490.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 900 milhões.

– Não faltou motivo para o dólar subir hoje. Temos o petróleo, o dado de emprego nos EUA e o fator técnico pesou muito. A verdade é que não temos fundamento para sustentar um real muito mais forte do que isso – disse o operador de câmbio de um importante banco internacional.
 
Neste ano, a moeda norte-americana acumula alta de mais de 3% sobre o real. Estes ganhos também foram impulsionados pela declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que afirmou na última sexta, dia 30, não haver a intenção de manter o câmbio sobrevalorizado.

Vários analistas estimam que o “valor justo” do dólar em relação ao real deveria ser mais alto do que o atual, devido à deterioração de fundamentos macroeconômicos do Brasil. Na pesquisa Focus do Banco Central, economistas de instituições financeiras estimam que a divisa norte-americana encerre 2015 em R$ 2,80, refletindo também a expectativa de alta dos juros norte-americanos.

– A impressão que eu tenho é que o dólar estava baixo demais e a alta dos últimos dias serviu para corrigir esse desequilíbrio – disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.

A perspectiva de que os juros dos EUA subam em breve foi reforçada nesta sessão por dados sobre o mercado de trabalho do país. O setor privado norte-americano criou 213 mil postos de trabalho em janeiro, levemente abaixo das expectativas de economistas, mas o resultado foi compensado pela revisão para cima do dado de janeiro, que subiu 12 mil, a 253 mil.

A persistente queda dos preços do petróleo e as preocupações em torno da Petrobras também contribuíram para o mau humor por aqui. Na sessão anterior, notícias sobre mudanças na diretoria da Petrobras haviam alimentado a demanda de investidores estrangeiros pelo papel da estatal e contribuído para reduzir as cotações do dólar. Nesta manhã, a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, e cinco diretores renunciaram a seus cargos. Novos executivos serão eleitos em reunião do Conselho Administrativo na próxima sexta, dia 6.

– Se a nova diretoria tiver de fato um perfil mais técnico, será mais um sinal de que o governo está buscando recuperar a confiança do mercado – disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Nesta manhã, o BC deu continuidade às intervenções diárias, vendendo a oferta total de até dois mil swaps cambiais. Foram vendidos 800 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.200 contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98 milhões.

O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em dois de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 18% do lote total.

Bovespa

O principal índice da bolsa paulista fechou em alta nesta quarta, pelo terceiro pregão seguido, puxado pelo forte avanço de ações de bancos, em sessão marcada pela repercussão da renúncia de boa parte da diretoria da Petrobras.

O Ibovespa avançou 0,69%, a 49.301 pontos. Na máxima, chegou a subir 1,5%, a 49.718 pontos. O volume financeiro da sessão alcançou R$ 8 bilhões.

As ações preferenciais da Petrobras fecharam variação positiva de 0,20%, após uma sessão volátil. Os papéis da estatal chegaram a subir quase 8% logo após a notícia da renúncia de Graça Foster e de demais diretores, divulgada nos primeiros minutos do pregão. Na véspera, os papéis registraram a maior alta em 16 anos, de mais de 15%, com informações sobre a mudança iminente no comando da companhia. 

A saída da diretoria acontece em meio a denúncias e investigações sobre um suposto esquema de corrupção na estatal e dificuldades da atual gestão em quantificar os prejuízos com sobrepreços em obras durante anos. 

Em nota a clientes, o analista do Santander Investment Securities Christian Audi disse que a forte alta das ações da estatal na primeira parte do pregão pareceu estar relacionada mais à cobertura de posições vendidas do que com uma real convicção em relação aos papéis.

A cautela quanto aos efeitos da renúncia da diretoria para a divulgação do balanço auditado de 2014, bem como em relação à escolha dos substitutos da equipe liderada por Graça Foster, se mostrou no arrefecimento dos ganhos, com os papéis preferenciais chegando a recuar 4,4% no pior momento do dia.

– Não acreditamos que o governo vai reduzir a sua interferência na empresa durante os próximos anos – escreveram os analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia, do HSBC, em relatório.

Diante do forte rali da véspera e dos últimos acontecimentos, o BTG Pactual recomendou maior cautela e sugeriu reduzir exposição neste rali, reforçando que a recomendação “neutra” do banco para a Petrobras segue inalterada.

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