O dólar caiu 3,5% em abril, fechando o último pregão do mês a R$ 5,43. De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a queda se deve a um cenário político menos conturbado, sem grandes problemas nas contas públicas.
Porém, a valorização do real frente à moeda norte-americana pode não durar muito, segundo ela. “Maio é um mês delicado, porque, normalmente, investidores realizam lucros no mercado doméstico, por causa das férias de verão no Hemisfério Norte”, diz. Com a saída de capital, a taxa de câmbio pode voltar a subir.
Além disso, o segundo semestre promete ser mais complicado do ponto de vista político. O governo federal é o principal alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Desdobramentos podem demorar, mas ficarão no radar do mercado financeiro. O Executivo também deve enviar, em agosto, a proposta de Orçamento para 2022, o que pode influenciar o dólar, principalmente se tratando de vésperas de eleição.
Outro ponto é que a queda em abril refletiu um discurso pró reforma tributária, o que levou à valorização dos ativos domésticos. Camila alerta que se as mudanças não saírem do papel e o governo for na direção contrária, isso também vai influenciar o dólar.
Pesa também sobre o câmbio o fato de os Estados Unidos estarem crescendo muito mais do que o Brasil, por causa das políticas monetárias e fiscais adotadas pelo presidente norte-americano, Joe Biden.
Do ponto de vista interno, o mercado já precificou a reabertura da economia brasileira no segundo semestre, com o avanço da vacinação contra a Covid-19. Se isso não se concretizar, o dólar pode se fortalecer ainda mais.