Um dos maiores importadores de trigo do mundo, o Brasil está batendo recordes consecutivos de exportação em 2022.
Em pouco menos de 6 meses, até o dia 20 de junho, o país exportou mais que o dobro de trigo em relação a 2021: são 2,5 milhões de toneladas contra 1,12 milhão de toneladas em todo o ano passado.
Segundo o diretor de conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, o dólar valorizado e a guerra entre Rússia e Ucrânia são os principais motivos para o crescimento. Juntos, os dois países são responsáveis por cerca de 30% do mercado mundial de exportação do trigo, o que corresponde a 210 milhões de toneladas.
“O cenário no Brasil é resultado da guerra na Ucrânia, que como efeito colateral, aumentou a cotação do cereal no mercado internacional. É o mercado livre, aberto e concorrencial”, afirma.
Com o conflito no Leste Europeu, que começou em no fim de fevereiro, a cotação do bushel de trigo chegou a bater na casa dos US$ 12 em Chicago, contra um patamar de US$ 8, antes da guerra. Atualmente, o cereal está cotado em US$ 10.
No mercado doméstico, que depende de outra variável, que é o câmbio, saiu de R$ 95 por saca até R$ 120 por saca. “Isso ajuda a explicar esse mercado aquecido”, explica Ferreira.
Alerta
Apesar do desempenho excepcional nas exportações, o Brasil, atualmente, é quarto maior importador mundial de trigo, com 6,2 milhões de toneladas importadas no passado.
A indústria do país consome, em média, 12 milhões de toneladas do cereal por ano.
De acordo com o diretor de conteúdo, além do fator preço, o país está apostando em uma safra recorde de trigo neste ano.
“A safra ainda está sendo plantada e depende do clima para se desenvolver. Mais 80% da oferta de trigo do Brasil está concentrada na Região Sul, especialmente no Paraná e no Rio Grande do Sul. A expectativa é colher entre 8,5 milhões e 9 milhões de toneladas. Mas e se o clima não ajudar? A gente pode ter problema de abastecimento”.