Entenda o papel dos fundos de investimento nas cotações de grãos

Os investidores têm papel fundamental na formação de preços para soja e milho no exterior, o que influencia no preço final pago ao produtor

A soja acumulou queda de 7% nesta semana, já o milho caiu para o menor patamar desde setembro de 2014 na Bolsa de Chicago. Essas duas notícias têm relação direta com a atuação dos investidores no mercado futuro de Chicago. Isso porque os fundos de investimento buscam oportunidades para gerar lucros.

Como a soja e o milho são produtos que dependem muito do clima para uma boa produção, a chance de oscilações de preços é maior do que em outros ativos. Essa volatilidade atrai o investidor, que vê nesse sobe e desce momentos para ganhar dinheiro. A analista de mercado da AG Rural Daniele Siqueira explica como esses fundos de investimentos atuam no mercado e influenciam nos preços pagos ao produtor.

“Os fundos de investimento mandam nos mercados de soja e milho no mercado internacional. Eles têm grandes compras, e nós percebemos esse movimento de alta. Agora, eles resolveram realizar lucros, ou seja, eles fizeram os preços subir bastante, depois fazem cair e embolsam essa diferença chamada de realização de lucros”, explica.

No caso da soja, os investidores tinham há um mês cerca de 28 milhões de toneladas compradas, momento de pico nas cotações da oleaginosa. Na última semana, esses fundos estão com 22 milhões de toneladas compradas. Resumindo, eles se desfizeram de 6 milhões de toneladas em contratos futuros, o que empurrou a cotação para baixo.

“Nesta semana, pudemos ver esse movimento muito forte para a soja. Mas não é apenas especulação pura. Há fundamentos de oferta e demanda que estão sendo levado em conta pelos investidores, como a melhora do clima nos Estados Unidos”, lembra Daniele.

Já o milho, a situação se repete, só que de forma mais firme. Há mês, os fundos de investimento tinham 32 milhões de toneladas contratadas. Em mês, esse volume caiu para menos da metade. Atualmente 13 milhões de toneladas estão nas mãos dos investidores. Isso ajuda a explica como o cereal chegou ao menor patamar em quase dois anos.