Empresas estatais chinesas cancelaram remessas de exportadoras agrícolas dos Estados Unidos, a medida que as tensões entre Washington e Pequim aumentam com relação a pandemia do novo coronavírus, a informação foi dada por autoridades marítimas do país asiático através de agências de notícias.
De acordo com autoridades marítimas da China, uma série de compras de ração animal, como milho, algodão e carne de porco foram adiadas. Os cancelamentos envolvem encomendas feitas após a primeira fase do acordo comercial assinado entre China e Estados Unidos em janeiro deste ano, quando Pequim se comprometeu a aumentar a compra de produtos e serviços do país norte-americano em US$ 200 bilhões, na comparação com níveis de 2017.
Um executivo de frete chinês informou que o país asiático cancelou entre 15 e 20 mil toneladas de embarques de carne de porco e que mais ações podem ser tomadas com base nas respostas de Washington sobre as decisões da China sobre Hong Kong. Neste semana, agências de notícias divulgaram cancelamento por parte da China, mas o governo do país não confirmou a suspensão das compras.
O diretor do departamento de grãos da Datagro Consultoria, Flávio França Júnior, analisou os efeitos dessa notícia no mercado. “Essa questão entre Estados Unidos e China ainda é muito delicada, as informações estão muito contraditórias, porque apesar desse anúncio comentado nesta quarta-feira sobre cancelamentos de compras pela China, nada foi falado sobre soja e nesta semana a China está comprando soja americana”.
De acordo com França Júnior, a tendência para o preço da soja ainda é de alta, porque não há nenhuma confirmação efetiva de novos cancelamentos e novas compras tem sido efetuadas e o mercado suspeita que sejam para China, caso isso continue acontecendo, isso seria favorável para o mercado americano e inibiria novos aumentos no mercado brasileiro.
“Nesta quinta-feira, foi registrado um novo recorde na venda de soja nos Estados Unidos, não está claro que a compra foi feita pela China, mas é isso que o mercado suspeita”, finaliza o diretor da Datagro