Com os estoques nos Estados Unidos nos menores níveis dos últimos 6 anos, o país tem intensificado a compra de soja aqui do Brasil. De janeiro a abril, já são mais de 30 mil toneladas e os embarques devem continuar, pelo menos, até a entrada da safra na América do Norte.
Segundo o analista de mercado Carlos Cogo, esse movimento é natural, mas os volumes estão bem acima da média histórica. “Esse é um movimento normal e dá sinais claros de desabastecimento nos EUA. Tem muito a ver com as questões internas de logística. Normalmente essas exportações se dão para esmagadoras para a costa leste, porque é muito caro levar do Meio-Oeste americano para a costa leste”, disse.
O segundo motivo, segundo Cogo, é que os prêmios no Brasil estão negativos. “A soja brasileira está nem mais barata do que as outras. Há previsão de mais embarques, lembrando que maior exportação das últimas décadas, foi em 2014, quando os EUA tiveram uma seca histórica provocada pelo La Niña e importaram 1,061 milhão de toneladas de soja do Brasil”.
Cogo explica que a programação de navios até meados de junho revela o embarque de mais 300 mil toneladas de soja brasileira para os EUA. “Isso reforça o cenário de desabastecimento por lá e, somente com a entrada da safra nova, que não será gigantesca, teremos a recuperação dos estoques. É bem provável que as importações sejam ampliadas, até porque estão embarcando o produto deles para o mercado chinês”, completou.
Ele explica que o Brasil será muito procurado por compradores e será o principal fornecedor de soja nos próximos meses. “O Brasil será muito demandado a partir de agora. Já bateu recorde de exportação de soja em abril e deve bater em maio, mostrando que toda a demanda estará voltada para o mercado brasileiro, com EUA desabastecido e Argentina com quebra. Somos praticamente o único fornecedor de embarcar grandes volumes no mercado internacional e, como estamos com uma safra boa, dá para exportar. E com a medida de diminuição do biodiesel no diesel, sobrará mais grão”, finalizou