Lavouras de feijão do oeste do Paraná estão sendo prejudicadas pelo excesso de chuvas há pelo menos quatro semanas. Segundo imagens e informações enviadas pelo Departamento de Economia Rural (Deral), em uma propriedade no município de Ponta Grossa houve perdas pelas tempestades. A planta ficou deitada com os ventos fortes. Além disso, o solo encharcado prejudicou a produtividade em algumas talhões em que a semente germinou dentro da própria vagem.
De acordo com o diretor da Correpar e analista de mercado de feijão, Marcelo Lüders, o que mais preocupa neste momento é a qualidade. “É um fator que impede a valorização do produto. Então, você acaba tendo uma diferença muito grande entre o feijão bom e o que é passado por secador, retirados os grãos brotados também. O feijão que é muito trabalhado acaba ficando manchado e é um produto mais barato – o que acaba impedindo muitas vezes a valorização em geral do produto”, explica.
Além das preocupações com a qualidade do feijão, produtores estão de olho nos preços. De acordo com levantamento da consultoria Safras & Mercado, o preço do feijão carioca em Ponta Grossa (PR) recuou 50% em um ano, caindo de R$180 para R$85.
Lüders afirma que já nos primeiros dias de janeiro houve uma valorização em decorrência da menor oferta de grãos de qualidade. “As cotações já alcançam R$110 ou R$115, no Paraná, desde que a mercadoria tenha sido colhida antes das chuvas. Temos poucas lavouras sendo colhidas em Minas Gerais e Goiás, mas há estoque do ano passado, que também chegou a R$115/R$120 em janeiro”, diz. No entanto, o analista destaca que “esse valor, de longe, não paga os custos, ainda mais com uma perda de produtividade que terá no Paraná”.
Outra preocupação, segundo Lüders, é a impossibilidade de fazer o tratamento correto nas lavouras que serão colhidas no final de janeiro e fevereiro, para que elas tenham boa produtividade.