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Exportação de milho: 'Cadastro não pode ser usado para controlar mercado'

Analista afirma que a ideia da ABPA de criar um sistema com informações sobre vendas futuras para o exterior é positiva, mas mecanismo não deve interferir nas vendas

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) está pedindo ao governo federal que seja criado um cadastramento antecipado das exportações de milho. Em ofício enviado ao Ministério da Agricultura, a entidade propõe vendas futuras com volumes acima de 10 mil toneladas sejam notificadas.

“Queremos isso para que a área de consumo, como de ração animal, possa ter acesso às informações de maneira antecipada. Nos EUA, por exemplo, se você faz contrato [de venda] acima de 10 mil, é obrigatório informar”, explica o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin.

Para Paulo Molinari, analista de grãos e carnes da Safras e Mercado, a mudança é positiva, pois favorece o andamento do mercado e dá mais clareza às negociações. Porém, é preciso muito cuidado para que essa previsibilidade no embarque não se torne uma medida impositiva ou mesmo restritiva nas exportações.

“Isso não pode se tornar um controle de exportações. Imagine nós exportamos carne suína em excesso para China e temos de repente uma falta de carne suína no mercado interno. Em função disso, de repente, o governo vai lá e bloqueia as exportações devido à alta de preço interno ou por falta de produto. O livre mercado não pode ter controle”, comentou.

Segundo Molinari, caso se torne uma medida impositiva, pode ter um efeito contrário ao desejado. “O produtor teria um desestímulo ao plantio e ao invés de nós estarmos exportando milho no futuro, nós estaremos voltando a importar milho para abastecer o mercado interno”, acrescentou Molinari.