Trigo

Geada: perdas no trigo devem chegar a 30% no RS, diz Fecoagro

Em Santo Angelo, na região das Missões, o presidente do sindicato rural do município, afirma que 50% do trigo, que está em floração e espigamento, sofreu danos

O frio é fundamental para o bom desenvolvimento dos cereais de inverno, como o trigo, mas as baixas temperaturas podem vir acompanhadas de geadas fortes que podem causar danos às plantas. E foi o que aconteceu nos dias 21 e 22 de agosto.

A forte massa de ar polar derrubou as temperaturas no Sul do Brasil e os triticultores gaúchos saíram a campo, nesta semana, para contabilizar os prejuízos. A Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro) estima perdas de 30% na produção.

O presidente da entidade, Paulo Pires, afirma que os produtores do estado, animados pelo preço do cereal, aumentaram a área plantada neste ano em 21%. “Nós tínhamos uma previsão de colher 3 milhões de toneladas de trigo, comparando com os 2,18 milhões do ano passado”, afirma ele, lamentando que a geada tenha derrubado as previsões.

Perdas

Rogério Mengarda é produtor de trigo em Doutor Maurício Cardoso, região noroeste do Rio Grande do Sul, e também contabiliza perdas em sua plantação. “Essa lavoura foi totalmente comprometida. As espigas estão completamente esbranquiçadas e não tem mais o que fazer pelo dano que a geada causou nesta lavoura. Acreditamos que, na faixa de 70% a 80% das lavouras do nosso município, foram comprometidas com a geada”, disse.

Já Fernando Nigeliski vai usar o trigo comprometido pela geada para fazer silagem para o rebanho. “Vamos plantar milho, na geada. Esse não vai queimar. Não sobrou um cacho para contar história. Podemos fazer silagem para as vacas, agora, do trigo. Nem para fazer farinha, vamos ter, este ano”, conta o produtor.

Em Santo Ângelo, na região das Missões, o presidente do sindicato rural do município, afirma que 50% do trigo, que está em floração e espigamento, sofreu danos.

As duas últimas geadas que ocorreram, na semana passada, foi realmente uma catástrofe para as lavouras de trigo. As lavouras de trigo, que foram plantadas, em meados de maio, até 20 de junho, foram as que mais sofreram o dano porque estavam na fase emborrachamento e espigamento. Áreas essas que correspondem a 70% da área plantada. O restante do trigo, foi plantado um pouco mais tarde, final de junho, início de julho. Elas também sofreram danos, mas não tanto quanto as lavouras mais plantadas no início, dentro do zoneamento agrícola”, afirmou Laurindo Roberto Nikititz.

O Rio Grande do Sul plantou 920 mil hectares de trigo nesta safra, maior área desde 2014, de acordo com a Emater. O gerente de planejamento da Empresa de Assistência Técnica do estado (Emater-RS), Rogério Mazzardo, afirmou que várias lavouras já apresentam quebras de produtividade, por causa das últimas geadas.

“Estima-se ,hoje, conforme levantamentos, que aproximadamente 20% da área desta cultura, encontra-se nos estágios reprodutivos ou seja emissão de espigas, florescimento e formação de grãos. Podemos afirmar que várias lavouras já têm quebras de produtividade. O que é difícil de quantificar ainda quanto foi danificado, em termos de quantidade e qualidade desse grão para essa safra”, explica.