O comentarista Miguel Daoud afirma que o governo federal demorou muito para começar a planejar a nova rodada do auxílio emergencial. Segundo ele, estava claro que a população mais pobre precisaria de apoio público para passar pela crise, que deve persistir enquanto a pandemia da Covid-19 não for controlada.
Na nova rodada, o governo pretende pagar quatro parcelas de R$ 250, entre março e junho. Daoud acredita que um benefício com valor menor e menos abrangente em número de pessoas também deve ter um impacto negativo. “Nesses meses sem o auxílio, vemos dados preditivos, como a queda na poupança, que indicam que a população já está enrolada”, afirma.
Segundo o comentarista, a ausência do auxílio emergencial tem afetado a demanda por alimentos e, consequentemente, os produtores rurais. Ele lista os setores de carnes, lácteos e hortifrúti. Enquanto o consumo cai, os custos de produção seguem em alta, esmagando as margens dos produtores e levando alguns, como os avicultores, a terem prejuízo.
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Daoud acredita que o cenário pode piorar se o clima não colaborar com a agropecuária nos próximos meses, o que pode acabar elevando ainda mais os gastos dos agricultores. “O único setor que ajudou durante a recuperação econômica pode ter problemas gravíssimos. Temos que ter uma definição, já poderia ter visto isso [a renovação do auxílio emergencial] lá atrás”, pontua.
O comentarista critica também a postura do ministro da Economia, Paulo Guedes, que, para ele, tenta terceirizar a culpa pela incompetência, dizendo que o auxílio emergencial não avançou antes por conta do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia. “Tem sempre um culpado pelo que não conseguiram fazer”, dispara.