O bloqueio atmosférico que está inibindo as chuvas no Centro-Sul do país, aliado a estiagem desde março no Sudeste e desde novembro do ano passado no Sul do Brasil elevou o número de queimadas.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Mato Grosso, o estado com maior número de queimadas do país neste ano, foram 3.587 focos de calor entre os dias 1 de janeiro e 22 de abril, um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram 3.031. Este também é o maior número de queimadas dos últimos cinco anos.
A Somar Meteorologia ressalta que em Mato Grosso do Sul, foram 1.501 focos no período, também o maior dos últimos cinco anos e um aumento de 43% em relação ao mesmo período de 2019, quando foram 1.052 focos.
Umidade do solo
Com esse tempo seco, as regiões de Mato Grosso, Pantanal e Sul do Brasil são as registram os menores índices de umidade superficial do solo. No geral, os mapas mostram que a umidade na terra vem caindo, embora algumas áreas apresentem níveis maiores de água no solo, como em Goiás, Triângulo Mineiro e norte de São Paulo.
“Porém, essa água está em áreas mais profundas do solo. A raíz de pastagens e culturas recém plantadas ainda não conseguem alcançar essa água mais profunda”, pondera o agrometeorologista Celso Oliveira.
Com isso, há risco de mais queimadas no Pantanal e oeste do Rio Grande do Sul. “No Pantanal, o período seco mal está começando e a situação pode piorar, surgindo mais queimadas. No Rio Grande do Sul, com a entrada do outono, a expectativa é de chuva mais frequente”, diz.
Volta das chuvas
As chuvas devem voltar ao Rio Grande do Sul no período de 29 de abril a 3 de maio. Embora não exista expectativa de precipitações nos próximos cinco dias, como a temperatura cai bastante, há tendência de aumento da umidade no solo na região da fronteira do estado com o Uruguai.
“Já é um sinal verde para o produtor começar a instalar a pastagem de inverno, que tem início no outono e está atrasado em função dessa seca”, explica o agrometeorologista.
Porém, no Brasil central, a tendência é de diminuição das precipitações, podendo prejudicar o milho segunda safra.