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Mercado e Cia

Interferência na Petrobras é a pior coisa que poderia ter acontecido, diz economista

Mercado financeiro reagiu à troca no comando da estatal: ações da petroleira despencam e dólar sobe frente ao real

O mercado financeiro não gostou nada da troca no comando da Petrobras. Na sexta-feira passada, o presidente Jair Bolsonaro anunciou o general da reserva Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco na presidência da estatal.

Diante disso, por volta das 14h25 desta segunda-feira, 22, as ações da petroleira caíam aproximadamente 20%. Com grande peso da empresa na B3, o Ibovespa recuava quase 5% nesse horário.

A notícia também deflagrou uma alta no câmbio. O dólar comercial subia cerca de 1,5%, por volta das 14h25, ao redor de R$ 5,47. Mais cedo, o Banco Central tentou intervir, mas a medida teve pouca eficácia sobre a moeda norte-americana.

O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, afirma que a decisão do governo é um “sinal de interferência” na Petrobras e é “a pior coisa” que poderia acontecer neste momento da economia brasileira.

“Espera-se que empresas de capital aberto tenham governança e que não haja interferência do governo. Agora, não se sabe qual será a política de preços, e o mercado fica em uma zona cinzenta. Isso também se espalha para as outras estatais”, diz.

De acordo com Vieira, se o governo federal anunciar alguma mudança em outros setores, a situação pode piorar. Bolsonaro já anunciou que também pretendia tomar uma atitude em relação à energia elétrica.

Outro ponto de vista sobre a mudança na Petrobras

O comentarista Miguel Daoud defende que, por enquanto, não houve interferência do governo na política de preços da Petrobras. “Nas últimas 24, 48 horas, a Petrobras não fez nada diferente. É tudo sobre a expectativa do mercado”, diz.

Para ele, o movimento pode estar sendo usado para que alguns grupos ganhem dinheiro, comprando ações por valores menores. “Uma grande corretora que o Paulo Guedes [ministro da Economia] adora pediu para vender ações da Petrobras. Será que a queda não é uma grande oportunidade?”, diz.

Daoud reforça ainda que a Petrobras foi criada e alimentada com dinheiro público durante muitos anos para que o Brasil pudesse ter autonomia na produção e refino de petróleo, de forma a não sofrer em caso de problemas externos. Por tanto, segundo ele, ela precisa atender os interesses da população. “A Petrobras está sendo uma empresa voltada para o sistema financeiro e não para o país”, diz.

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