Juros para agricultor podem ficar mais altos com tributo em aplicação, diz presidente da SRB

Aceno do governo em taxar Letras de Crédito do Agronegócio pode elevar juros ao produtor em até dois pontos percentuaisA eventual mudança na tributação das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) pode significar um aumento de até dois pontos percentuais nas taxas de juros de financiamentos para o setor agropecuário, afirmou o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Gustavo Junqueira, em entrevista ao Canal Rural, nesta segunda-feita, dia 12.

De acordo com Junqueira, as LCA são responsáveis pela captação anual de cerca de R$ 150 bilhões para investimentos na área de agronegócios. A atual isenção de tributos como o Imposto de Renda nessa aplicação – assim como nas Letras de Crédito Imobiliário (LCI), que financiam imóveis – é aplicada como forma de incentivar investidores.

Segundo a interpretação de analistas econômicos, o novo ministro da Fazenda Joaquim Levy viria dando indícios, desde sua posse, de que acabaria com a isenção de tributos em aplicações como LCA e LCI.

– A preocupação é muito grande. O setor hoje conta com cerca de R$ 150 bilhões captados via LCA para empréstimos ao setor agropecuário. É o mesmo montante do Plano Safra, um dinheiro muito importante. Se de fato houver essa disposição do governo de cortar a isenção, isso pode afetar sobremaneira o setor, que já está com menos crédito que no ano passado – afirma o presidente da SRB.

Aumento de juros

A expectativa dessa alteração faz com que os negócios deixem de acontecer, diz Junqueira. Com menos investidores em LCA, haveria menor captação de recursos e, com isso, os empréstimos ficariam mais caros ao produtor rural.

– Nossa expectativa é de que tenhamos de 1 a 2 pontos percentuais na taxa de juros, se não tivermos o benefício fiscal nas LCAs. Reconhecemos que é preciso estruturar na economia, mas isso tem que ser feito conversando com o setor produtivo, para o governo não dar um tiro no pé com os ajustes que está se propondo a fazer – disse Junqueira.

Segundo ele, manter o financiamento a custos competitivos é o primeiro desafio da pasta da Agricultura, já que as margens certamente estarão mais apertadas em 2015 do que no ano passado.

Para o presidente da entidade, este é um ano de economia, em que será preciso trabalhar a base dos custos. As commodities estão mais afetadas, diz ele, e teremos uma contrapartida do dólar.

– Mas há empréstimos dos produtores também em dólar, e muitas das despesas também dependem do câmbio – complementou Junqueira, afirmando que isso exige do agricultor neste ano muita cautela e foco nos custos de seu negócio.