O preço do leite captado em dezembro de 2020 e pago aos produtores em janeiro deste ano registrou queda de 4,3% na média brasil, chegando a R$ 2,03 por litro, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
A instituição afirma que a desvalorização do leite no campo se deve ao enfraquecimento da demanda por lácteos, devido a diminuição do poder de compra do brasileiro, com o fim do auxílio emergencial
As pesquisas que ainda estão em andamento apontam que a tendência de queda deve permanecer nos próximos meses.
Apesar de os valores do leite estarem em patamares considerados altos para o período do ano, não significa que o produtor está conseguindo rentabilidade. A valorização dos grãos, que são os principais componentes dos custos de produção, tem comprometido a margem do produtor e limitado o potencial de crescimento da atividade.
Levantamento do Cepea mostra que, em janeiro, o pecuarista precisou de, em média, 41,2 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg de milho, alta de 16,3% em relação a dezembro de 2020.
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Buscando soluções
A Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) discute nesta quarta-feira, 24, ações e medidas de auxílio ao setor de lácteos.
No início do mês, a entidade já tinha apresentado sete propostas ao Ministério da Agricultura. Segundo a superintendente técnica da entidade, Fernanda Schwantes, entre as ações, estão: redução de tributos sobre insumos usados na ração e suplementação animal, crédito e prorrogação de financiamentos.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, deve se reunir nesta quinta-feira, 25, por volta das 18h, com deputados federais e produtores de leite de diferentes regiões do país.
A expectativa é de que a ministra dê um retorno sobre alguns pedidos feitos pelo setor. Dois deles são a redução de importação de produtos lácteos de países vizinhos, a diminuição dos custos de produção e isenção de tarifa de importação de maquinários utilizados na cadeia.
Cenário pessimista para o setor de leite
O comentarista Benedito Rosa, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e produtor de leite, afirma que não há como ser otimista neste momento. Segundo ele, as perspectivas são muito ruins para os pequenos e médios produtores.
“Medidas paliativas não resolvem o problema, elas já foram tomadas no passado. Aguardamos que a ministra tenha alguma novidade, mas acredito que não. O ministério tem sido irrelevante para o setor de leite, apesar da vontade da ministra”, diz Benedito Rosa.
Além de o preço dos grãos continuar com tendência de alta, o setor leiteiro projeta novas quedas nas cotações da bebida.
“Apenas os grandes produtores, com mais de 10 mil litros por dia e que produzem silagem com custo baixo, têm um bom futuro. Os pequenos e médios tendem a desaparecer em uma carnificina a céu aberto. Os agricultores familiares que contam com programas de auxílio continuarão existindo”, finaliza o comentarista.