O preço do leite na Média Brasil do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) atingiu o maior valor da história em agosto. O litro passou de R$ 1,75 em julho para R$ 1,94 em agosto, alta de 10,5%. Na comparação anual, o aumento é ainda mais expressivo, já que a média havia ficado em R$ 1,34 em agosto de 2019.
De acordo com os pesquisadores da entidade, a valorização ocorre em virtude de maior competição entre as indústrias de laticínios, além de condições climáticas adversas.
O analista de mercado da Milkpoint Valter Galan afirma que apesar do grande aumento de preços nos últimos dois meses, a rentabilidade ainda está 6% menor no acumulado deste ano até agosto, em relação ao mesmo período do ano passado. Considerando apenas os meses de julho e agosto, porém, a rentabilidade está 24% acima desses mesmos meses em 2019 e indica possibilidade de recuperação para o segundo semestre.
Tendência
No curto prazo, a tendência é de alta, de acordo com Galan. Ele estima que o preço pago ao produtor em setembro deve seguir subindo e ficar até R$ 0,15 acima do observado em agosto. Ou seja, é provável que as cotações batam um novo recorde.
O auxílio emergencial pago pelo governo para combater os efeitos negativos da pandemia da Covid-19 tem garantido um aumento do consumo em um cenário de oferta menor. Dessa forma, a perspectiva pode ser de preços firmes até o fim do ano, período em que deve vigorar o auxílio, analisa Galan.
Importações
O analista alerta que com os preços recordes no Brasil, as importações de leite e derivados passam a ficar mais competitivas, apesar das altas cotações do dólar. Portanto, o produtor deve ficar atento, pois os volumes de importações subiram bastante entre junho e agosto. Como exemplo, ele cita que os embarques dobraram em julho e subiram mais de 60% em agosto, de acordo com dados preliminares, ambos na comparação mensal.