A agropecuária está em alerta. O corte nos recursos para subvenção do crédito agrícola, seguro rural e apoio à comercialização vai prejudicar o setor e a indústria ligada a ele, como a de máquinas agrícolas. Isso significa menos recursos com juros controlados no próximo Plano Safra, que ainda está sendo elaborado pelo governo federal.
Desta vez, é a Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) quem tenta dimensionar o tamanho do problema: se o crédito ficar mais caro para o produtor, ele vai deixar de investir em máquinas e isso pode provocar demissões nas fábricas, que não podem ficar com mão de obra ociosa.
O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão, lembra que a participação do governo neste mercado já não era muito grande: foram disponibilizados R$ 11,28 bilhões em um mercado de R$ 40 bilhões. “O dinheiro acabou rapidinho. Se coloca menos subvenção, vai colocar menos dinheiro ainda”, diz.
Além disso, o produtor terá menos recurso para custeio e deve usar parte do capital próprio – que poderia ser usado em investimento em máquinas agrícolas – para cobrir os gastos da produção.
“O Pronaf custa 4% ao ano. No mercado, ele vai encontrar juros de 8% a 11%, bem mais caros. Significa que tem menos espaço para investimento, e vamos vender menos. Como as indústrias não podem ficar com mão de obra ociosa, podemos ter demissões”, diz.
Para Pedro Estevão, a única forma de resolver essa situação é modificando a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021. Ele também defende as reformas administrativa e tributária, que darão mais flexibilidade ao governo federal, que hoje gasta quase todo o orçamento com despesas obrigatórias.