Oferta de milho deve ficar restrita este ano

Redução de área nos Estados Unidos deve aumentar demanda pelo grão do BrasilO cenário de oferta de milho é preocupante, de acordo com o analista de mercado Vlamir Brandalizze, em entrevista ao Mercado e Companhia desta terça, dia 7. Com a queda na área plantada do cereal nos Estados Unidos, de acordo com o relatório do USDA da última semana, o mercado internacional deve buscar o milho brasileiro.

O estoque do grão no mercado interno, no entanto, é restrito. Há uma desconfiança por parte dos produtores de que não haja volume suficiente para atender à demanda. Em 2015, há uma forte busca no mercado interno para a produção de ração e, com isso, os produtores devem segurar a venda nos próximos dias, o que pode beneficiar o preço do milho.

Alguns produtores aproveitaram a alta dos preços nos portos e venderam a produção, o que cobriu os custos. Sendo assim, o produtor não terá pressa para comercializar em curto prazo. Há contratos para dezembro15 e janeiro/16 sendo vendidos, o que normalmente, não ocorre. O mercado internacional compra o milho brasileiro, geralmente, entre agosto e setembro. Para este período, há de 12 a 13 milhões de toneladas, em média, negociadas para compradores externos.

Segunda safra de milho

Em Mato Grosso, a segunda safra de milho, plantada até fevereiro, que corresponde a 70% do total plantado no estado, está em ótimas condições pelo clima favóravel, afirma Brandalizze. Já os outros 30% plantados em março, de forma tardia, não estão em condições favoráveis. Os produtores torcem por chuvas regulares até o mês de maio, o que beneficia o desenvolvimento do grão neste período.

Se o volume de chuvas for o suficiente e o aguardado pelos produtores, a segunda safra em Mato Grosso ficará entre 15 milhões e 16 milhões de toneladas. A comercialização do grão no estado chegou a 50%, cerca de 8 milhões de toneladas.

Milho nos EUA

O USDA espera que a área da safra futura gire em torno de 36,09 milhões de hectares. Para os estoques do cereal, o esperado é produzir 196,73 milhões de toneladas. Apesar de os números de expectativa de área apresentados pelo USDA serem os menores desde 2010, ainda se pode esperar uma safra maior caso o El Niño se confirme para o verão norte-americano, favorecendo assim o desenvolvimento da safra. Com isso, o clima será novamente a chave para a determinação dos preços internacionais em 2015, conforme análise do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

*Com edição de Flávya Pereira e Paula Soprana