A primeira semana do outono pode registrar temperaturas até 7°C acima do normal entre o Sudeste e o Centro-Oeste por conta da formação de um bloqueio atmosférico que manterá as frentes frias chuvosas sobre a região Sul, sul do Paraguai, sobre o Uruguai e boa parte da Argentina nesta semana. O acumulado aproxima-se dos 100 milímetros no leste de Santa Catarina e passa dos 75 milímetros no oeste do Rio Grande do Sul e no sudoeste do Paraná.
Se por um lado, a chuva forte paralisa as atividades de colheita da soja no Rio Grande do Sul, por outro lado, mantém elevada a umidade do solo para áreas ainda em desenvolvimento, sem contar com o desenvolvimento da segunda safra de milho no sudoeste e sul do Paraná.
No norte do Paraná e em boa parte das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Matopiba, ao contrário, a chuva vai enfraquecer consideravelmente nesta semana. Será a oportunidade para praticamente finalizar as atividades de colheita de soja de boa parte do Brasil. A questão é que a umidade do solo diminuirá ainda mais nesta semana aumentando a preocupação do produtor que fez a instalação de milho de forma muito tardia. Além do milho, a umidade do solo está abaixo do ideal para o desenvolvimento de áreas de cana de açúcar e de laranja no interior paulista.
O calorão vai atingir especialmente o interior de São Paulo, Triângulo Mineiro, sul de Goiás e leste de Mato Grosso do Sul. Já a maior máxima será vista na quinta-feira, 25, no Pantanal de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul com valor superior aos 36°C. Na terça-feira da semana que vem, dia 30, será a vez do interior da Bahia ter máxima superior aos 36°C.
A partir do domingo, dia 28 de março, o bloqueio atmosférico deverá romper com retorno da chuva ao Mato Grosso do Sul. São Paulo receberá chuva mais intensa entre terça e o início de abril. A chuva vai alcançar Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Matopiba neste período. Não será a chuva mais intensa e não resolverá totalmente a atual umidade do solo especialmente no interior de São Paulo, mas será bem-vinda por quebrar uma sequência de alguns dias com tempo seco e muito calor.
Previsões mais estendidas indicam chuva sobre o centro e norte do Brasil até aproximadamente 10 de abril e outro episódio de chuva entre o fim de abril e início de maio. “Ou seja, a precipitação não corta completamente, mas virá de forma mais espaçada a partir de agora. A questão é que a falta de chuva do verão deixou o solo com pouca umidade neste início de outono, fazendo com que as culturas recém-instaladas sintam mais intensamente o déficit hídrico”, explica Celso Oliveira, meteorologista da Somar.
Por fim, com o rompimento do bloqueio atmosférico, a temperatura vai diminuir na região Sul, embora não exista previsão de frio extremo a ponto de provocar geadas em áreas de soja e milho. Somente nas áreas mais elevadas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, há possibilidade do fenômeno, mas ainda assim de forma fraca e com curta duração.
Nos últimos sete dias, choveu mais intensamente que o normal sobre o Rio Grande do Sul, parte de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, região Norte e norte do Nordeste. O verão, sob influência do La Niña, terminou com precipitação inferior ao normal em boa parte do Brasil, embora nas últimas semanas, a chuva mais persistente tenha chamado a atenção em Mato Grosso. O outono não será muito diferente com chuva inferior ao normal em boa parte do Brasil, embora ela não corte completamente logo no início da estação.
A umidade do solo atualmente está abaixo do ideal para o desenvolvimento agrícola no oeste do Paraná, sul e leste de Mato Grosso do Sul, norte e oeste de São Paulo, sul de Goiás e parte do Triângulo Mineiro, região de Iturama. E com a formação de um bloqueio atmosférico sobre a região Sul, a tendência será de aumento das áreas com baixa umidade do solo até o fim da semana.