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Mercado e Cia

Paolinelli: Brasil é o único país que pode garantir sustentabilidade e segurança alimentar

Ministro da Agricultura entre 1974 e 1979, Alysson Paolinelli falou sobre o esforço do Brasil em promover uma agricultura sustentável nas últimas décadas

O projeto de lei de licenciamento ambiental aguarda tramitação no Senado após ser aprovado na Câmara dos Deputados. Para trazer clareza ao tema, a nossa equipe ouviu ex-ministros da agricultura e, dessa vez, quem fala sobre o projeto é o ex-ministroda Agricultura Alysson Paolinelli, que esteve no comando da pasta entre 1974 e 1979.

Segundo ele,o país é o único capaz de garantir sustentabilidade e segurança alimentar. “Já temos uma imagem, muitas vezes distorcida, de que não somos uma agricultura sustentável. Notícias dessa natureza são multiplicadas muito mais por inimigos brasileiros, sejam nossos concorrentes ou seja os radicais que não querem ver o Brasil pela frente, sabem da nossa capacidade competitiva, sabem que o Brasil hoje é, sem dúvidas nenhuma, o único suporte capaz de garantir a sustentabilidade e a segurança alimentar. Procuram ansiosamente por pontos de discussão”, disse.

“Nós temos uma lei aqui, bastante segura, uma das mais exigentes do mundo, que é o Código Florestal, mas alguns ajustes são necessários. Todas as vezes que isso foi discutido, ficou para ser feito posteriormente alguns acertos. Não são acertos para afrouxar ou reduzir, são acertos para adequar as licenças ambientais para que elas não sejam um entrave no uso que o produtor quer ter da tecnologia tropical para produzir como ele está produzindo, com grande capacidade competitiva”, continuou.

Segundo Paolinelli, o assunto deveria ser tratado com menos especulações. “Eu pediria, sinceramente, que esses assuntos fossem tratados com menos estardalhaço. Estou em uma fase em que vejo a necessidade do Brasil em melhorar as condições que o país apresenta para o mundo. Isso não será feito com esse tipo de discussão, mas sim mostrando, com exatidão, o que somos capazes de fazer, o que fizemos e o que ainda iremos fazer na tecnologia para que essa agricultura tropical seja realmente a que o mundo deseja. Veja que nós lutamos há quase 50 anos para conquistar o mercado das commodities, hoje não perdemos para ninguém, somos imbatíveis, seja para soja, milho, algodão e tantos outros produtos que somos os primeiros colocados”, disse.

Para ele, no entanto, o pós-pandemia apresenta um novo hábito alimentar se formando, especialmente nos países ricos. “Eles podem pagar pelo alimento que querem e por qualquer preço. Essa janela está sendo aberta porque a cada dia eles estão preferindo alimentos mais saudáveis, nutritivos e que não sejam intoxicados por produtos químicos e por outros produtos que possam ser aplicados previamente nessas plantas”.

O Brasil, diz Paolinelli, é o país mais evoluído na produção de alimentos. “Já estamos usando, com a biotecnologia, o combate biológico das doenças, pragas e tantos outros incidentes que usávamos produtos químicos e caros. Estamos ganhando também a batalha de fertilização de solos. Nossos solos que eram pobres, caracteristicamente ácidos, depois de neutralizados e com o uso da biotecnologia, conseguimos com a aplicação de rochas originais moídas trazer elementos que não tinham os nossos solos, com uma ajuda de uma verdadeira metamorfose rápida da transformação mecânica e física dessas rochas, estamos usando a biotecnologia no sentido da mais rápida liberação dos elementos que estavam incrustados nas rochas para que eles fiquem livres para o uso das plantas do solo”, nos contou.

Outro ponto positivo é a integração lavouras-pecuária-floresta, que produz leite e carne com carbono zero. “São tecnologias respeitadas lá fora e temos de usá-las aqui, estimular esse uso. Não fico satisfeito quando se criam casos praticamente inexistentes entre ecologistas e agricultores com relação às liberações das áreas de plantio. Essa é uma área que precisa ser bem discutida entre as duas posições, com base na ciência, e com certeza chegarão num acordo e evitaremos esse mal maior que o Brasil ainda deve ter”, finalizou.

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