O anúncio do Plano Safra, previsto para o dia 15 de junho, não deve trazer novidades substanciais nas taxas de juros dos programas de investimento administrados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), afirma o comentarista Benedito Rosa. “A ministra [da Agricultura] Tereza Cristina anunciou redução na ordem de 25% e é o que deve vir”, diz.
Segundo o comentarista, que é ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, o governo não dispõe de recursos adicionais para baixar os encargos. “A ministra chegou a pleitear, mas não foi possível”, afirma.
Além disso, o governo teme que se baixar muito as taxas de juros, pode aumentar a demanda, levando à falta de recursos mais adiante.
Benedito Rosa afirma, ainda, que a baixa da Selic não pode se refletir diretamente nos encargos do crédito rural controlado, por causa do custo gerado por um sistema financeiro “arcaico, caro e concentrador”.
“O custo de captação do BNDES para investimento segue a taxa de longo prazo, que está fixada no primeiro quadrimestre deste ano em 5,9%. Em cima disso, vem mais 1 ponto percentual de spread do BNDES. Depois, mais 2,5 a 3 pontos percentuais de spreads dos bancos. Fora o custo administrativo e tributário”, comenta.
O comentarista acredita que as prioridades do governo no próximo Plano Safra em relação às linhas de crédito a receberem mais recursos não vão mudar e “nem tem motivo” para isso. Seriam elas: o programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), as linhas para armazenagem e infraestrutura e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).