Por que a alta do dólar reflete em preços baixos na Bolsa de NY?

Analista de mercado Eduardo Carvalhaes explica como se dá a relação entre a alta da moeda norte-americana e as quedas nas cotações do café na Bolsa de NY

Em entrevista ao Mercado e Cia desta sexta, dia 11, o analista de mercado Eduardo Carvalhaes explica por que toda a alta do dólar reflete em queda nos preços do café na Bolsa de Nova York. De acordo com ele, os operadores, que trabalham com papel, ligados a grandes fundos de investimento, e mesmo as grandes torrefações de fora do Brasil, quando vêm o dólar se valorizar frente ao real, entendem que são mais reais por saca de café. Assim, eles acabam colaborando para a queda:

– Os compradores derrubam a bolsa tentando tomar essa diferença para eles – diz Carvalhaes.

Segundo o analista, cada vez mais se usam logaritmos, programas de entrada e saída automática na bolsa que são alimentados com essas informações.

– É um hábito que vem ao longo de muitos anos e que será muito difícil mudar. Para o cafeicultor brasileiro é ruim. Muito ruim. O dólar subindo significa fertilizante mais caro, defensivos mais caros, e isso não se derruba com nenhuma bolsa; ao mesmo tempo, ele vê a matéria-prima dele com preço “derretendo”. Eles [produtores] estão muito aflitos, subiu a energia elétrica fortemente este ano, subiu o preço do combustível, da mão de obra; os custos de produção do Brasil sobem com muita força, muito além da inflação. E, ao mesmo tempo, os preços do café derretem em NY com o raciocínio dos operadores daquela bolsa – explica.

De acordo com Carvalhaes, operadores já entendem que a safra brasileira de café em 2016, apesar de maior do que a de 2015, será “apertada”;

– Há uma leve tendência de produção mundial abaixo do consumo. Dá para analisar pelo mercado de cápsula, que cresce a dois dígitos por ano. O consumo de café vai muito bem, mas precisamos encontrar uma saída para remunerar melhor o produtor de café brasileiro. O Brasil exportou um bom volume de café em uma época como esta. O produtor tem vendido, apesar da situação. Agora, quem não depende só de café, tem segurado as vendas esperando um quadro mais transparente – conclui.