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Mercado e Cia

Preço do boi bate recorde mesmo com menor consumo de carne bovina; entenda por quê

A menor oferta de animais é apenas um dos motivos para a valorização, de acordo com analista do Rabobank

O consumo de carne bovina recuou 2,51% no primeiro semestre de 2020, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O analista Wagner Yanaguizawa, do Rabobank, afirma que como a proteína bovina é mais cara, acaba sendo mais afetada pelo recuo da demanda interna, que está fragilizada por conta da pandemia da Covid-19.

Apesar do recuo da procura pela carne, o boi gordo continua em alta no Brasil, com preços recordes. Segundo o analista, isso se deve à oferta reduzida. “Como é de conhecimento, após dois anos de abates de fêmeas muito acelerados, temos um ciclo de baixa produção, com valorização da cria”, diz. Os custos elevados inibiram o investimento dos confinadores, reduzindo a disponibilidade de animais após o primeiro giro.

Yanaguizawa destaca que a própria forma de calcular os preços colabora para a sensação de valorização, pois o indicador do Cepea é medido com base em São Paulo, onde estão 9 das 37 plantas habilitadas para a China. “Isso acentua a menor demanda, principalmente porque os animais [destinados ao país asiático] são mais jovens”, diz. Atualmente, 25% da demanda que forma os preços no Brasil está ligada à exportação.

Tendência

De acordo com Yanaguizawa, o segundo semestre deve registrar um incremento na demanda doméstica, principalmente com a chegada das estações mais quentes. “Além disso, a postergação do auxílio emergencial até dezembro com uma parcela intermediária, que está sendo usado para gastos com alimentação, deve manter o consumo”, diz.

Mas o analista alerta que os preços do boi gordo podem chegar ao pico porque a ponta compradora não tem condições de absorver novas valorizações da proteína neste momento.

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