O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgou nesta quarta-feira, 29, um relatório sobre os impactos da pandemia no mercado nacional do arroz. Segundo os pesquisadores, ao longo de abril os preços do arroz em casca atingiram recorde nominal após os consumidores passarem a adquirir volumes maiores, forçando o varejo a se abastecer no atacado, devido ao isolamento social como medida de prevenção à pandemia do coronavírus.
Lucílio Alves, pesquisador da Esalq/USP, comentou a respeito da alta nos preços do grão. “O mercado do arroz é um dos mais críticos do agronegócio brasileiro, e consegue um alívio parcial neste primeiro momento. O aumento da demanda pelo produto por parte de consumidores fez com que os varejistas procurassem atacadistas e unidades administradoras em busca de arroz, e claramente isso chegou aos produtores. Com isso, os preços subiram mesmo em um período final da colheita”, comenta Lucílio.
De acordo com o indicador arroz em casca Esalq/Senar-RS, o último registro, desta terça-feira, 28, aponta um valor de R$ 56,58 pela saca de 50 quilos, com alta de 8,98% no mês. Segundo o pesquisador, o produtor tende a restringir as suas vendas, esperando preços ainda maiores futuramente.
Sobre a possibilidade da continuidade dessa alta nos preços, Alves foi cauteloso. “A safra começou com baixos estoques, os dados mostram que se a demanda continuar neste níveis, teremos baixos patamares em fevereiro de 2021, não há nenhum fator neste momento que aponte uma grande elevação no estoque e consequentemente de pressão sobre as cotações. O fator principal será a reação dos consumidores pós-pandemia, pelo menos a partir do momento que a cenário for amenizado e como deve impactar o ritmo de consumo”, finaliza Alves.