Os preços da soja no interior do Paraná superaram os valores de venda no porto de Paranaguá, de acordo com informações coletadas pela Cogo – Inteligência em Agronegócio. No interior, a saca está sendo negociada em torno de R$ 150, enquanto que no porto, os negócios saem a R$ 145.
Segundo o consultor Carlos Cogo, isso evidencia a escassez de soja no mercado brasileiro. “Quando você tem uma oferta no interior que supera a do porto, é porque você tem algum problema de originar a soja para direcionar o esmagamento dela para o setor interno de farelo e de óleo. Aí ainda entra a equação do biodiesel, no caso do óleo, o próprio óleo de soja para consumo humano e do farelo no setor de rações animais. É um sinal que você tem uma enorme escassez do produto para esmagamento aqui no Brasil”, analisa.
A inversão dos preços entre o interior e o porto é inédita, de acordo com Cogo. “O normal é respeitar a paridade de exportação. Há um valor acima do porto, justamente para evitar que a carga saia. As grandes exportadoras fazem isso se utilizando da arbitragem de contratos. Elas fazem hedge, por exemplo, em Chicago ou na B3. E uma carga que está destinada para sair do Brasil ao mercado chinês pode não ser vendida ou não embarcada, e é vendida no mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, essa empresa compra essa soja no mercado americano e vende para a origem programada, no caso, a China”, explica.
Tendência
O consultor projeta que o pequeno saldo restante do produto no Brasil deve continuar subindo no mercado spot. “Irá continuar subindo, pois a disputa [entre mercado de exportação e interno] não vai parar, e ainda falta muito tempo para entrada da próxima safra”, estima.
Por fim, Carlos Cogo alerta para algumas preocupações em relação à nova safra. “Já está havendo uma preocupação com o ingresso da nova safra no mercado, que pode ser um plantio atrasado. Aqueles primeiros que plantam, como Paraná e Mato Grosso, já sabem que vai haver uma provável de chuvas no período já apto ao plantio, que é após o vazio sanitário. Alguns vão arriscar e já estão arriscando, e alguns não vão arriscar e vão esperar. Então, não devemos ter um volume de soja alto entre o final de dezembro e início de janeiro”, conclui.