Pelo menos 15 municípios do Rio Grande do Sul amanheceram com temperaturas abaixo de zero nesta quarta-feira, 15. A geada mudou a paisagem nesses locais. Barra do Quaraí manteve o registro de menor temperatura no ano: -3,7 °C, a exemplo da madrugada de terça, 14.
O Rio Grande do Sul teve diversos recordes de frio, inclusive na capital, Porto Alegre, com mínima de apenas 3 °C. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) confirmou geadas nas cidades de Bagé, Bom Jesus, Caxias do Sul, Encruzilhada do Sul, Lagoa Vermelha, Passo Fundo, Porto Alegre, Santa Maria e Santa Vitória do Palmar.
A temperatura mais baixa registrada nesta madrugada no Sul, de acordo com o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), foi -8,05 ºC em Urupema, na Serra Catarinense. A sensação térmica ali chegou a -22 °C, por causa dos ventos.
Há relatos extraoficiais de que a temperatura mínima na região tenha atingido -10°C, com formação de gelo em pistas do alto da serra. Vale lembrar que a menor temperatura já registrada na região serrana de Santa Catarina aconteceu no dia 2 de agosto de 1991, com este mesmo valor: -10 °C. Já a menor temperatura absoluta do estado foi registrada na cidade de Caçador, com -14 °C, em 11 de junho de 1952, segundo o Ciram.
Mato Grosso do Sul também teve uma manhã fria, mas sem formação de geadas. Amambai registrou 10 °C no início da manhã, e Ponta Porã, 12 °C.
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Próximos dias
Mesmo com frio extremo nas últimas 24 e 48 horas nos estados do Sul, essa massa de ar polar não vai atingir as regiões Sudeste e Centro-Oeste, que, no máximo, terão queda de temperatura, principalmente São Paulo e Mato Grosso Sul. Portanto, as culturas agrícolas dessas regiões, como o milho segunda safra, café, cana-de-açúcar e laranja, continuam fora de qualquer risco de geadas nos próximos dias.
O frio diminui a partir desta quinta-feira, 16. A massa de ar polar se desloca para o oceano Atlântico, e rapidamente perde força. Inclusive, nesse dia, o risco de formação de geadas amplas fica restrito ao sul do Rio Grande do Sul.
As geadas têm castigado principalmente as pastagens nativas gaúchas. “Ao serem queimadas pelas geadas, as pastagens se tornam mais fibrosas, perdendo qualidade nutricional e, com isso, diminuindo a capacidade de consumo pelos animais”, informa Paulo Etchichury, da Somar.
Já as pastagens cultivadas, como aveia e azevém, por serem típicas do inverno, não sofrem com as geadas. Pelo contrário, os dias secos e com muita insolação favorecem seu desenvolvimento, bem como melhora a condição do manejo dos animais sobre as pastagens.
“O frio nesta época do ano, mesmo extremo, não prejudica também as plantas frutíferas de clima temperado. O frio até beneficia o ciclo das plantas que nesta época se encontram no período de dormência”, diz Etchichury.
Segundo ele, o trigo também saiu ileso desse frio intenso por estar em fase vegetativa. O plantio do cereal ainda não foi concluído no Rio grande do Sul, especialmente na região dos Campos de Cima da Serra, onde normalmente se planta mais tarde do que as outras áreas do estado.
