A produção de laranja no cinturão citrícola, que compreende São Paulo e parte de Minas Gerais, deve sofrer uma grande quebra na safra 2020/2021, estima o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). “Antes mesmo da seca, a entidade já projetava recuo de 26%, mas as próximas atualizações podem trazem uma queda ainda maior”, afirma a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Fernanda Palmieri.
De acordo com ela, a situação está mais crítica nas regiões norte e central de São Paulo, que receberam chuva abaixo do necessário para manutenção das plantas. “Nem toda a área do cinturão é irrigada. Mesmo os produtores irrigados estão preocupados se terá água suficiente para irrigar. Têm circulado fotos de plantas murchas, algumas quase mortas”, relata.
A seca faz com que as plantas não se desenvolvam corretamente, ficando menores e com uma qualidade que nem sempre o mercado cedo. “Às vezes apresentam características que não são desejadas pelo consumidor”, diz Fernanda.
Segundo a pesquisadora do Cepea, os preços estavam em patamares elevados mesmo antes da seca. Agora, com a demanda interna aquecida por conta do calor, a tendência é de elevações. “Para frutas que tenham padrão pelo menos razoável, tem preços altos, de R$ 35 a R$ 40 por caixa para a laranja pera”, diz.
Mas Fernanda destaca que rentabilidade depende também dos custos, então produtores que foram muito atingidos podem não ter uma safra muito remuneradora.