Agricultores de Mato Grosso que participaram dos leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) estão preocupados, pois até agora os agricultores não receberam o valor do produto vendido ao governo,com caso de espera que chega aos seis meses.
O estado colheu, na última safrinha, mais de 30 milhões de toneladas de milho. A oferta recorde acabou derrubando o preço do grão e, em algumas regiões, a saca ficou abaixo dos R$ 10. Para muitos, os leilões de Pepro foram a melhor saída para escoar a produção, já que o apoio garante o bônus na venda do cereal, para que o produto alcance o preço mínimo definido pelo governo, que , no estado, é de R$ 16,50 a saca.
O produtor Cristiano Beber aproveitou a oportunidade e vendeu nos leilões cerca de 60% do que colheu. “O milho estava abaixo do preço mínimo, até que o governo entrou comprando e manteve essa ajuda porque não iria ter muita oferta de milho na região. Esse escoamento de milho foi muito bom para nós, porque os armazéns da região estão praticamente liberados para a entrada da nova safra”, disse.
O produtor, no entanto, não recebeu o dinheiro dos prêmios referentes aos contratos de aproximadamente 150 mil sacas de milho. Como entrou mais tarde nos leilões, aguarda ansioso pelo recurso. “Tenho a informação que, para alguns produtores, essa valor já saiu. Estamos na fila, esperando um dinheiro que vai chegar em boa hora, para que possamos girar a próxima safra, com investimento em óleo diesel e manutenção de máquinas”, falou o produtor.
A espera, no entanto, gera ansiedade e vira motivo de reclamação para alguns agricultores. Gilberto Eberhardt vendeu, por meio de três contratos, 45 mil sacas. Até agora, ele recebeu nenhum prêmio. “As trades estão atrasando muito nas documentações, levando de cinco a seis meses para entregar o que precisa nas nossas mãos. Quando entregam em cima do prazo, dificulta o nosso trabalho para entrega na Conab”, disse.
O produtor afirma que muitos agricultores enfrentam a mesma situação e cobra mais agilidade nos processos. “Foi prometido que no mês de novembro começariam a liberar os recursos do governo para o pagamento dos produtores. O que vemos são inúmeros produtores que estão nessa situação, sem receber dos leilões”, disse.
O secretário de Política Agrícola, Nery Geller, reconhece que houve atraso no pagamento de alguns contratos. “Eu recebi algumas reclamações antes do Natal e já entrei em contato com a Conab. Vamos, agora, sentar e trazer os técnicos da Conab para o nosso time, para que possamos conversar com os produtores. As informações que eu tive é que teve um problema na questão de protocolo dos processos e que um grande volume não foi protocolado na Conab. O importante é o produtor cobrar e verificar se os documentos estão em dia”, disse.