De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados no bioma Amazônia neste ano, até 8 de julho, o sistema havia registrado 8.517 focos ativos de calor. Esse número é 23,2% menor do observado no mesmo período de 2019 (11.090 focos) e quase 10% abaixo da média dos últimos 20 anos (9.400 focos). A informação é baseada em dados que apontam os focos calor no bioma, utilizados como indicativos de queimadas.
- Mourão: Vamos ampliar diálogo com investidores sobre Amazônia
- Tereza Cristina: Regularização fundiária será importante para preservar a Amazônia
O Inpe registra historicamente esses focos utilizando-se de satélites que detectam esses pontos no território brasileiro e no exterior. Segundo o coordenador de Sustentabilidade da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias, os focos não indicam necessariamente áreas de desmatamento ou de queimadas, mas sim uma tendência, já que muitas vezes há uma associação entre as duas atividades.
Para mapear áreas desmatadas, o Inpe refina esse e outros dados e faz um levantamento completo de territórios que efetivamente foram desmatados.
O setor agropecuário tem interesse em acompanhar a evolução das queimadas para avaliar a repercussão do tema no exterior, já que em 2019 o aumento de focos na região amazônica ganhou destaque na mídia brasileira e internacional. O governo está preparando uma moratória para queimadas, e deve anunciar detalhes na semana que vem.
Nesta quinta-feira, 9, a cúpula do governo, liderada pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, respondeu a investidores estrangeiros que o Brasil não vai aceitar pressões que culpem o agro pela destruição da Amazônia.
Amazônia Legal
Considerando o mesmo período para os nove estados que compõem a Amazônia Legal, o cenário é parecido. O Inpe havia registrado cerca de 14.950 focos ativos. Resultado 15,2% menor que o registrado no mesmo período de 2019 e quase 2% abaixo da média dos últimos 20 anos, de 15.200 focos.
Agropecuária moderna
De acordo com o coordenador de Sustentabilidade da CNA, a atividade agropecuária moderna utiliza tecnologias que não fazem uso de queimadas no manejo solo. Apenas produtores de menor porte, sem acesso a técnicas mais avançadas, se utilizam dessa prática, que inclusive prejudica a fertilidade do solo e, consequentemente, afeta negativamente a produção, lembra Ananias.
Ele ainda afirma que a participação do produtor rural nesse contexto vem diminuindo ano a ano, como um reflexo da redução da contribuição da propriedade privada no desmatamento. Uma vez que o produtor rural esteja cadastrado no Cadastro Ambiental Rural (CAR), sua propriedade é facilmente identificada caso haja algum incêndio. Dessa forma, a CNA estaria trabalhando para mobilizar o produtor a diminuir suas emissões, tanto na utilização de tecnologias, quanto em queimadas e incêndios.
Em relação à tendência, Nelson Ananias diz que a entrada no período de estiagem, aliada à baixa umidade relativa do ar, tendem a aumentar a quantidade de focos. Porém, em termos gerais, afirma que é possível observar uma redução na comparação com a média histórica, justamente pela consciência do produtor rural de que o fogo não é um instrumento eficaz de manejo de solo.
Focos de calor, incêndios florestais e queimadas
Entenda as diferenças entre focos de calor, incêndios florestais e queimadas, de acordo com a Comissão de Sustentabilidade Socioambiental da Aprosoja Mato Grosso:
Focos de calor: estão relacionados a atividades antrópicas (realizadas pelos homens) e naturais, e caracterizam qualquer temperatura registrada acima de 47 ºC.
Queimadas: são uma prática legal para viabilizar a agricultura ou renovar as pastagens. Porém, devem ser executadas sob determinadas condições ambientais, que permitam controle da extensão do fogo.
Incêndios florestais: são grandes extensões de áreas queimadas, com qualquer forma de vegetação, e ocorrem quando a prática se torna descontrolada, podendo ser de origem humana (intencional ou por negligência) ou natural.