O Ministério da Agricultura estuda retirar a Tarifa Externa Comum (TEC) cobrada sobre a importação de arroz, milho e soja de países de fora do Mercosul. Atualmente, as alíquotas são de 12% para o arroz e de 8% para soja e milho. O governo pretende adotar a medida na tentativa de equilibrar os preços no mercado doméstico e impedir o aumento dos produtos da cesta básica.
Essas commodities citadas têm batido recordes sucessivos nos últimos dias, com a saca de milho chegando a registrar negócios acima de R$ 63 em algumas localidades, soja a R$ 135 e arroz entre R$ 90 e R$ 100, a depender da variedade.
Impacto na soja e no milho
De acordo com o chefe do Departamento de Grãos da Datagro Consultoria, Flávio França Junior, a retirada da tarifa beneficiaria apenas países fora do Mercosul, pois o bloco já é isento da TEC. A opção fora do bloco com maior destaque são os Estados Unidos, grandes produtores desses grãos. Porém, a importação desse país não é atrativa por conta dos custos caros.
A Datagro realizou cálculos para entender por quanto o milho e a soja norte-americanos chegariam à indústria brasileira em regiões a cerca de 100 km dos portos. A soja ficaria em torno de R$ 140/145. Já o milho chegaria aqui por cerca de R$ 65/70. Dessa forma, importar dos EUA é inviável em relação aos valores praticados atualmente no Brasil.
Por sua vez, a decisão de importar milho do Mercosul será tomada tendo em vista questões de mercado, visto que os países do bloco já são isentos de taxas. “Se tiver viabilidade, o produto será trazido, e o limite da alta da nossa soja e milho será a paridade de importação”, conclui.
O especialista lembra que o produtor já vendeu cerca de 70% da produção da segunda safra deste ano e não acredita que a retirada da TEC vá fazê-lo acelerar as vendas. “O impacto do milho importado dos EUA é mínimo e vai chegar muito caro. Se puder trazer do Uruguai e Argentina, vai se trazer, mas isso não muda”, diz.
Os preços do milho reagiram com baixas na bolsa brasileira, a B3, nesta quinta-feira, 27. Segundo França Junior, trata-se mais de um impacto psicológico do que real. “A discussão no mercado é se teremos cereal suficiente até o ano que vem. Eu não vejo problema de oferta para consumo no mercado interno”, pontua.