Safra de arroz no Rio Grande do Sul deve vir menor

Excesso de chuvas e falta de luminosidade devem prejudicar ofertaA colheita de arroz da safra 2014/2015 no Rio Grande do Sul deve ser menor do que a estimada diante do excesso de chuva e da falta de luminosidade que atinge a região oeste do Estado.

A perda na região é de 5 mil hectares do produto. 

– As lavouras, de forma visual, estão muito boas. Entretanto, a gente tem enfrentado, e não é algo recente, desde o início do período de cultivo, lá no preparo de solo e depois no momento do plantio, nós gaúchos estamos enfrentando problemas climáticos, em virtude da ocorrência de chuvas, que agora, desde o início do ano, se agravaram um tanto mais, a medida que estamos em um período extremamente crítico da cultura – disse o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Henrique Dornelles, ao Mercado e Cia.

Na região de Uruguaiana, as precipitações atingiram mais da metade do volume esperado para todo mês na primeira semana de janeiro. Dezembro também teve volumes de 400 milímetros, o que representa quase quatro vezes a média climatológica.

A área total cultivada de arroz no Rio Grande do Sul é de 1,11 milhão de hectares de acordo com o Instituto Riograndense do Arroz (Irga). Atualmente, os gaúchos produzem 65% do total do arroz cultivado em todo o país.

A expectativa é de que a quebra na produção gaúcha seja, no máximo, de 400 mil toneladas, o que não deve levar a safra 2014/2015 a ficar abaixo de 8 milhões de toneladas.

A abertura oficial da colheita do arroz acontecerá de 5 a 7 de fevereiro em Tapes, no Rio Grande do Sul, em evento organizado pela Federarroz.

Custos e preços

Além das questões climáticas, a produção de arroz no Rio Grande do Sul está sendo prejudicada pelo aumento dos custos de produção, especialmente os preços da energia, que estão programados para serem reajustados pelo governo federal.

Segundo a Federarroz, um aumento de 30% na eletricidade terá um impacto de 10% nos custos dos produtores, enquanto que uma elevação de 40% – porcentual sendo estudo pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – deve levar a um aumento de R$ 1,00 no custo de produção da saca de 50 quilos.

Com a possibilidade de oferta reduzida e custos em alta, a entidade de classe dos produtores espera que os preços do arroz se valorizem, atingindo R$ 38,00 a saca. A perspectiva é corroborada por um relatório publicado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) no dia 7, que afirma que alterações climáticas que prejudiquem a produtividade e choques de exportação elevarão as cotações internas, que atualmente estão firmes e em patamares altos.

A elevação dos custos da produção do arroz está levando os produtores a se organizarem para reivindicar junto ao governo federal mais apoio ao setor. A Federarroz pretende sugerir à ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), que seja realizada uma análise mais criteriosa da situação do setor para intervir, seja na redução de tributos ou na melhoria de infraestrutura e logística. 

Outro pedido da entidade diz respeito ao preço mínimo do arroz estipulado pelo governo federal para o Estado do Rio Grande do Sul, de R$ 25,80 a saca, considerado defasado pelo setor. 

Exportações

A Federarroz também está trabalhando para aumentar as exportações, principalmente para a América Central. Para isso, ela pedirá ao governo federal que “tome outro rumo nas negociações internacionais”, para que o Brasil não perca espaço para outros países produtores. 

Segundo a Federação, a retomada das relações comerciais entre Estados Unidos e Cuba representa uma ameaça ao setor, uma vez que a tonelada do produto norte-americano custa US$ 50 menos que a do brasileiro, e o frete dos EUA para a ilha é menor. 

No que diz respeito ao que a Federarroz pode fazer, o evento em Tapes será acompanhado por especialistas que trabalham com mercados em potencial para o Brasil, como Oriente Médio e América Central. O objetivo é que os negociadores conheçam o sistema de produção desde o plantio até o beneficiamento do produto.

Conforme números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações do grão em dezembro de 2014 foram as maiores do ano-safra, chegando a um volume de 177,98 mil toneladas, puxadas por uma expressiva venda realizada para o Iraque.