A seca no Rio Grande do Sul não está prejudicando apenas as lavouras de grãos. Coordenador do Movimento Construindo Leite Brasil e produtor rural em Boa Vista do Cadeado (RS), Rafael Hermann conta que nas áreas de pasto por onde o gado passou não há rebrota. “Meu sistema na propriedade é pasto. Infelizmente, por causa da estiagem dos últimos meses, as perdas são incalculáveis”, diz.
O pecuarista afirma que no inverno fez uma quantidade de pré-secado, feno e silagem de azevém para usá-los na entressafra. “Mas tivemos que usar agora, por causa dos problemas que surgiram nos animais devido ao consumo desse pasto murcho”.
Hermann diz que não foi possível fazer mais porque ele depende do maquinário da prefeitura que está sendo bastante demandado neste momento. “Infelizmente minha silagem dá para hoje ou amanhã, o pré-secado para 12 dias e o feno, também no fim, para dois ou três dias”, lamenta.
Ele conta que quando notou o agravamento da seca, começou a revirar a terra com pá e enxada atrás de olhos d’água. “Com a temperatura acima de 40 ºC, não aguentei, pedi a retroescavadeira da prefeitura para limpar as nascentes e açudes e fazer pequenos reservatórios. A máquina deu problema no começo do serviço, estamos aguardando peças de reposição para continuar”.
Má notícia
A previsão do tempo indica que a regularização da chuva no Sul deve demorar pelo mais 15 dias. De acordo com a meteorologista Desirée Brandt, nem mesmo a passagem de uma frente fria nos últimos dias contribuiu.
Projeções da Somar mostram que de 8 de janeiro a 8 de fevereiro, Boa Vista do Cadeado (RS) deve receber 144 milímetros, distribuídos em 16 dias chuvosos. Até 20 de janeiro, os episódios não passarão de 10 milímetros cada.
Depois desse período, haverão chuvas mais volumosas — cerca de 20 milímetros —, mas com grandes janelas de tempo seco. “Até seriam bons acumulados, se não estivéssemos nessa situação tão crítica”, comenta Desirée. Para fevereiro, a previsão é ainda mais complicada: até meados de fevereiro a cidade não registrará chuva.