Segundo semestre trará mais remuneração ao produtor de cana, diz diretor da Bioenergia

Diretor da Bioenergia acredita em reação no mercado internacional de açúcar no segundo semestre deste anoMuitos produtores já migraram para outras culturas nos últimos quatro anos devido ao clima desfavorável e à falta de capital, com taxas de juros que oneram a produção. Na avaliação do presidente da Bioenergia, Tarsilo Rodrigues, em entrevista nesta quinta, dia 2, ao Mercado e Companhia, "o fundo do poço já ficou para trás". Ele sugere uma melhor remuneração aos produtores a partir do segundo semestre.

– O mercado de açúcar é mundial. Há política de subsídio e isso está sendo questionado [o Brasil questiona a Tailândia na OMC], à medida que a gente se livra dessas amarras, o mercado tende a melhorar. Preços reagirão porque estamos próximos de um período em que os estoques estão acabando e haverá demanda. A partir do segundo semestre, veremos reação no mercado internacional de açúcar. A safra mundial entra em setembro. Um ponto importante é que somos o único país com capacidade de produzir açúcar ou etanol. Neste ano, a safra tende a ser mais acooleira porque os preços estão mais competitivos – estima.

Segundo ele, o consumo de combustíveis no Brasil cresce a “níveis chineses”, com aumento de 7,7% no ano passado, enquanto o crescimento do país foi praticamente nulo.

– O problema é que não temos gasolina, o que produzimos é insuficiente, somos importadores e temos uma capacidade limitada de produção de etanol pela estagnação econômica do setor. É uma decisão complexa: envolve planejamento de governo. Se não houver incentivo, o Brasil importará cada vez mais gasolina. É necessário planejamento, horizonte e regras claras para que não vivamos mais ps erros do passado, que custaram muito caro ao país – enfatizou.

Uma crise severa assola o setor nos últimos anos, com cerca de 50 usinas fechadas desde 2008. Segundo Rodrigues, governo tomou medidas positivas este ano, com a volta da Cide sobre a gasolina e o aumento da mistura do etanol anidro à gasolina, mas “demorou demais” a adotar tais medidas.

– As usinas estão em uma situação delicadíssima, mas naturalmente melhorando os preços de etanol e açúcar, as empresas trarão suas dívidas para um limite em se possa honrar. Recebendo créditos novos para que, lá na frente, quando a demanda for positiva, elas tenham capacidade de atender – opina.

Veja a entrevista completa: