O relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe projeções para os estoques americanos de soja e milho acima do esperado pelo mercado. Apesar disso, os preços de ambos na Bolsa de Chicago registram alta.
De acordo com o analista Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, o movimento se dá pela forte queda do dólar no dia e pela expectativa de redução na produção de petróleo, após reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
“No caso da soja, a desvalorização do dólar faz com que a soja americana ganhe competitividade, podendo entrar em cena para exportação à China. Mas isso em setembro. Por enquanto, a brasileira continua na vantagem”, diz.
Para o milho, caso a produção de petróleo seja reduzida, o etanol americano deve voltar a ser competitivo, aquecendo a demanda pelo cereal.
Vamos aos números
O USDA projetou estoques finais de soja em 13 milhões de toneladas e o esperado pelo mercado era de 11,7 milhões de toneladas. Já para o milho, a estimativa foi de 53 milhões de tonelada, contra 51 milhões aguardadas.
Segundo Marcos Araújo, o aumento é reflexo da pandemia de coronavírus. “Menor exportação americana, produção de etanol e rações”, diz.
Tendência
Questionado se o sojicultor brasileiro continuará bem remunerado. O analista afirma que a alta na Bolsa de Chicago e dos prêmios nos portos estão equilibrando as cotações em meio à desvalorização do dólar.
Quanto ao milho, ele acredita que o cereal deve seguir descolado de Chicago, ainda que não tanto quanto antes, pois indústrias de etanol estão revendendo milho e as carnes suína e de frango registram quedas nos preços.